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Análise: A polêmica moeda comum do Mercosul só traria benefícios à falida economia argentina

País vizinho está com escassas reservas cambiais, enquanto o Brasil tem 372 bilhões de dólares sob a guarda do nosso Banco Central

Na bagagem de sua primeira visita oficial à Argentina, o presidente Lula leva um trambolho disforme: a insistente ideia da criação de uma moeda única (ou comum) para transações entre países do Mercosul (ou somente com a Argentina). Ainda sem pé nem cabeça, cercada de dúvidas, essa aventura monetária tem tudo para não dar em nada. Mas chama a atenção pela perseverança do governo eleito em voltar ao tema.

Analisando os poucos argumentos que foram colocados no debate, tudo indica que a única justificativa para dar prosseguimento ao “peso real” é ajudar os argentinos – atolados em uma crise econômica que comunga inflação com crescimento da pobreza e, principalmente, a profunda escassez de reservas cambiais. A Argentina está numa situação grave e sem muitas perspectivas.

Do ponto de vista brasileiro, não há ganhos nessa empreitada, nem mesmo o retorno do projeto político de reforçar a liderança do Brasil na América do Sul, algo, por si só, indiscutível. Então, por que criar lastro para o endividamento unilateral dos nossos vizinhos às custas dos nossos estimados 372 bilhões de dólares sob a guarda do Banco Central?

Mui amigo, Lula, não por acaso, pretendia aproveitar essa viagem a Buenos Aires para se encontrar com os presidentes de duas ditaduras de esquerda, o venezuelano Nicolás Maduro e o cubano Miguel Díaz-Canel (foto). Sob o pretexto de retomar as relações diplomáticas interrompidas pelo governo Bolsonaro, iríamos presenciar o abraço de saudosos aliados ideológicos. 

Estaria tudo dentro da lógica petista de um Brasil como potência bolivariana, não fosse um detalhe que vem tomando enormes proporções: Lula, até o momento, não apresentou, por meio de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um projeto econômico para o país. Essa ociosidade e falta de rumo talvez explique a persistência do governo nessa geringonça de moeda única ou comum. Tanto faz.

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