Treinou e sentiu dor? Entenda se é normal ou sinal de lesão
Aprenda a diferenciar o incômodo esperado de sinais que exigem atenção

Aquela sensação de corpo “moído” no dia seguinte a um treino intenso, com músculos doloridos e dificuldade para sentar-se ou até descer escadas é bem conhecida por quem pratica atividade física. Essa sensação tem nome: dor muscular de início tardio ou DOMS (Delayed Onset MuscleSoreness).
De acordo com a Agência Einstein, embora com bastante frequência, a dor ainda gera muitas dúvidas. Será que significa que o treino deu certo ou foi exagerado? Devo continuar me exercitando ou é melhor parar até a dor passar?
Primeiramente, é preciso distinguir a dor de início tardio da dor aguda e das lesões musculares. Segundo o profissional de educação física Everton Crivoi, doutor em ciências do esporte e responsável pela preparação física no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein, a DOMS é caracterizada por um desconforto que surge de 12 a 24 horas após a atividade física e costuma atingir seu pico entre 24 e 72 horas, desaparecendo gradualmente nos dias seguintes.
Essa dor difere da dor aguda, que aparece durante ou logo após o esforço físico e tende a sumir rapidamente. Também é distinta das lesões musculares agudas, como distensões ou rupturas, que têm início súbito, são intensas, localizadas e costumam ocorrer durante o esforço físico, muitas vezes acompanhadas pela sensação de estalo, pedrada ou rasgo.
“A dor muscular tardia é mais prolongada e difusa, geralmente atingindo áreas musculares amplas. Ela é especialmente comum quando se faz um exercício mais intenso do que o habitual ou quando se adota um movimento novo ao qual o corpo ainda não está adaptado”, explica Crivoi.
Quais são as causas?
As causas da DOMS ainda não são totalmente compreendidas, mas estudos apontam que ela está associada a microlesões nas fibras musculares e nos tecidos conjuntivos provocadas pelo exercício.
“Essas lesões desencadeiam uma resposta inflamatória no corpo, com a liberação de substâncias como prostaglandinas, histamina e bradicinina, que sensibilizam os receptores de dor presentes nos músculos”, pontua o profissional de educação física.
Exercícios que envolvem contrações excêntricas, que é quando o músculo se alonga ao mesmo tempo em que gera força, como na descida de um agachamento ou ao correr ladeira abaixo, são especialmente propensos a provocar esse tipo de dor.
Dor não é sinônimo de bom treino
Um dos principais mitos relacionados à dor muscular tardia é a ideia de que ela indica um treino bem-feito ou mais eficaz. Crivoi esclarece que não há qualquer relação direta entre sentir dor e obter melhores resultados.
“Infelizmente, confundimos a ideia de ‘sem dor, sem ganho’. Mas é possível ganhar força e massa muscular sem sentir dor”, garante. “A DOMS mostra que houve estresse muscular, o que não significa que o treino foi mais eficiente”, explica o profissional.
Uma dor muito intensa e debilitante pode indicar um treino excessivo para o nível atual de condicionamento físico, comprometendo as práticas seguintes e a qualidade dos movimentos.
Também se eleva o risco de desenvolver condições mais graves, como a rabdomiólise. Nesse quadro, há liberação excessiva de proteínas musculares na corrente sanguínea, podendo sobrecarregar os rins. Se a dor persistir por mais de uma semana, estiver associada a sintomas como febre ou urina escura, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente.



