Quais impactos os acordos dos Brics trarão para o Brasil na prática
Bloco tem como uma das suas principais bandeiras o multilateralismo e a defesa de boas relações diplomáticas entre todos os membros

A 17ª Cúpula de Líderes do Brics encerrou nessa segunda-feira (7), após dois dias de discussões sobre conflitos geopolíticos, meio ambiente, entre outros temas de interesse internacional. Ao final do evento, os representantes dos países assinaram quatro comunicados, que tratam do financiamento para combate às mudanças do clima, inteligência artificial, cooperação em saúde, além da declaração final – esta última, envolta em polêmicas.
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O que é o Brics?
- O Bric foi criado em 2001 por Jim O’Neill, economista do Goldman Sachs, ao se referir a Brasil, Rússia, Índia e China como economias emergentes com grande potencial de crescimento até 2050.
- Inicialmente, o Bric era apenas uma recomendação para investidores, no entanto, a formalização do grupo aconteceu em 2006 na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) com a primeira reunião ministerial informal.
- O trabalho conjunto ganhou força depois da crise financeira de 2008, seguido pela primeira cúpula de chefes de Estado em 2009, na Rússia. No ano seguinte, em 2010, se formalizou a entrada da África do Sul, oficializando o “S” no acrônimo: Brics.
- Apesar das diferenças culturais e regionais, os membros do Brics compartilham um vasto território com uma população numerosa, além de um rápido processo de industrialização.
- Agora, fazem parte do Brics: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.
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Divergências
O texto da cúpula chamou a atenção por condenar os ataques ao Irã, no último 13 de junho, sem mencionar os responsáveis pela ofensiva: Estados Unidos e Israel. O documento também sugere que a solução para o conflito na Faixa de Gaza passa pelo reconhecimento dos dois Estados, Israel e Palestina. O ponto gerou críticas do chanceler do Irã, que participava do encontro de líderes. “A solução de dois Estados, que vem sendo repetida há anos, não chegou a lugar nenhum”, disse.
Os Estados Unidos também foram poupados no trecho que tratou sobre o aumento das taxações no comércio internacional. O documento expressa preocupação com o “aumento indiscriminado de tarifas”, mas não cita as políticas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Apesar disso, após a divulgação do comunicado, o republicano ameaçou impor taxas de 10% a “qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas do Brics”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu, afirmando que os países têm direito de aplicar o princípio da reciprocidade.
Durante a cúpula, Lula defendeu, em diferentes momentos, o multilateralismo, com a participação dos países na discussão de medidas econômicas. Essa ação do petista tem se repetido em diferentes fóruns internacionais, diante da ascensão de Donald Trump e a defesa do protecionismo.