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Petroleiras arrematam 19 blocos exploratórios na Foz do Amazonas em leilão da ANP

Lances das companhias globais por blocos na bacia considerada uma nova fronteira exploratória no Brasil foram feitos apesar dos desafios socioambientais e da resistência de ambientalistas

As petroleiras Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás ofertados na Bacia da Foz do Amazonas em leilão de concessão realizado pela reguladora ANP nesta terça-feira, por um bônus de assinatura total somado de R$ 844 milhões.

Os lances das companhias globais por blocos na bacia considerada uma nova fronteira exploratória no Brasil foram feitos apesar dos desafios socioambientais e da resistência de ambientalistas, enquanto a Petrobras aguarda há anos aprovação do Ibama para operar na área.

Um consócio liderado pela Petrobras em parceria com a ExxonMobil arrematou cinco blocos, enquanto outro liderado pela companhia norte-americana em parceira com a estatal brasileira levou outros cinco.

A norte-americana Chevron adquiriu em consórcio nove blocos em parceria com a chinesa CNPC.

Leilão da ANP

Este foi o quinto leilão de áreas de petróleo e gás natural da Oferta Permanente de Concessão, em meio a ações na Justiça contra a polêmica venda de 47 blocos na Bacia da Foz do Amazonas, incluída pela primeira vez desde que criaram a Oferta Permanente. Outra novidade é a ainda inexplorada Bacia de Pelotas, no extremo sul do País.

Também estão na disputa os únicos blocos em terra do certame, na Bacia de Parecis, no Centro-Oeste, entre Mato Grosso e Rondônia, onde existe grande potencial para a descoberta de gás natural.

O objetivo é estimular a busca do insumo no centro do país, uma demanda do governo e da indústria.

Trinta e uma empresas estavam aptas a participar do leilão, entre elas Petrobras, TotalEnergies, Sinopec, Shell, Petrogal, Equinor, ExxonMobil, Chevron, BP, China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), China National Oil and Gas Exploration and Development Corporation (CNODC) e Ecopetrol. Entre as independentes estão PetroRecôncavo e Origem.

Doze companhias deram garantias para a abertura deste 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão.

Ao todo serão ofertados 16 setores em cinco bacias: Parecis, Foz do Amazonas, Potiguar, Santos e Pelotas. O leilão pode arrecadar R$ 444 milhões em bônus de assinatura e mais de R$ 3,2 bilhões em investimentos exploratórios mínimos, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Alguns setores da Bacia de Santos ficam próximos aos limites do chamado Polígono do Pré-Sal, delimitado por conter reservatórios gigantes que são vendidos sob o regime de Partilha, no qual o governo se torna sócio da empresa vencedora por meio da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).

Protesto

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) ingressaram no início de junho com ação popular contra a realização do leilão. Nesta semana, o Ministério Público Federal (MPF) do Pará também entrou na segunda-feira, 16, na Justiça Federal com uma ação para a suspensão imediata do certame.

As ações destacam que a expansão da exploração de petróleo na região representa um “grave contrassenso” diante da emergência climática e dos compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris. O MPF aponta que a decisão de leiloar os blocos sem quantificar previamente os impactos climáticos e socioambientais é “cientificamente insustentável, legalmente indefensável e moralmente injustificável”.

Já a ação popular da FUP e Anapetro afirma que, além de ferir o interesse público, a soberania energética e o patrimônio nacional, o leilão está sendo convocado sem as mínimas garantias ambientais, nem consulta às comunidades tradicionais, o que viola a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O 5º Ciclo acontece em um momento tenso no setor de petróleo, com a escalada dos conflitos no Oriente Médio. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, a guerra entre Israel e Irã mostra a necessidade de o Brasil buscar segurança energética para não depender de outras fontes de abastecimento. Além disso, o preço mais elevado da commodity, “sempre ajuda”, admitiu.

“Acho que esse leilão e, enfim, toda a ideia de se oferecer blocos exploratórios no Brasil se torna ainda mais relevante, porque o que a gente está vendo é o pulo do preço do petróleo nesse ambiente conflituoso. Temos de entender que, hoje em dia, ficar dependente de outras fontes de petróleo para se abastecer é uma coisa extremamente perigosa do ponto de vista geopolítico”, afirmou Ardenghy ao Broadcast.

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