Saúde

Entender a morte é um jeito de olhar para a vida com mais carinho

A morte é a maior certeza que se tem e a mais difícil de ser encarada. Muitas vezes por medo, por tabu ou por falta de conhecimento. Em 2021, por exemplo, o Brasil bateu um novo recorde no número de mortes: 1,8 milhão de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contudo, segundo a médica, escritora, professora e palestrante Ana Claudia Quintana Arantes, o que muitos não percebem é que falar sobre a morte não é uma forma de atraí-la, é entendê-la como parte da nossa história. “É um jeito de olhar para a vida com mais carinho, presença e potência”, afirma.

“Precisamos ser capazes de conversar sobre o que nos assusta e sobre o que a morte significa para nós. Isso fará de nós pessoas preparadas para escutar”, ressalta a médica.

A palestra “A morte é um dia que vale a pena viver: novo olhar sobre a finitude da vida” convida o público a refletir sobre a jornada da vida sob um ângulo surpreendente.

Ana Claudia ficou conhecida por esclarecer como se pode viver o momento do luto da maneira mais confortável e digna possível.

“Alguém tem que devolver a morte para a humanidade. Alguém tem que tirar a morte do armário. A gente tem medo de uma coisa que nós não tocamos no assunto e não tocar no assunto faz com que o tempo dela seja muito mais duro, difícil e triste”, pondera.

É fato que a descoberta de uma doença que ameaça a continuidade da vida traz dor e perplexidade. É algo que transforma profundamente o ser humano. Para a autora, é exatamente na essência dessa transformação que está a necessidade do cuidado. O cuidar até o fim, aquele tempo delicado entre adoecer e morrer.

Médica geriatra com vasta experiência em Cuidados Paliativos, Ana Claudia Quintana convida o público a um novo olhar sobre esse momento. A escritora mostra que a perspectiva da finitude pode trazer clareza para escolhas, reavivar lembranças e restaurar afetos. Pode abrir caminho para um processo de luto amoroso e íntegro, ainda que haja dor.

“Aprendemos a levar conforto para o corpo enfraquecido. A dizer palavras que trazem consolo. A oferecer ajuda eficaz. A atender pedidos que parecem impossíveis à primeira vista. A manter a serenidade para atravessar o tsunami”, frisa a médica.

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