Saúde

Saúde mental: como problemas emocionais afetam mais de 83% dos estudantes brasileiros

O Brasil é um dos países com maior incidência de doenças como ansiedade e depressão no mundo

Os universitários são um grupo de destaque quando se trata de questões relacionadas ao bem-estar emocional. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 35% dos estudantes ao redor do mundo têm algum tipo de problema ligado à saúde mental.

A Organização também afirma que desde a pandemia de Covid-19, a incidência de transtorno de ansiedade e depressão aumentou globalmente em aproximadamente 25%.

No Brasil, 26,8% da população total tem o diagnóstico de ansiedade, enquanto 12,7% enfrentam a depressão. O Brasil tem o número de pessoas com ansiedade no mundo e ocupa o segundo lugar em casos de depressão nas Américas. O país fica atrás apenas dos Estados Unidos.

Aproximadamente 65% dos estudantes universitários brasileiros afirmam sofrer diariamente* com sentimentos de ansiedade. O número é 11 p.p. superior à média dos países analisados em pesquisa da Chegg.org, instituto ligado à empresa de tecnologia educacional Chegg.

A última pesquisa de perfil socioeconômico produzida pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) ajuda a complementar esses dados e entender a situação crítica dos universitários no país.

O relatório afirma que o segundo problema emocional que mais afetava os estudantes é a desmotivação, que atinge 45,6% dos alunos em período universitário.

Os outros problemas listados são:

  • Solidão, que afeta 23,5% dos entrevistados, e 
  • Desamparo, que afeta 28,2% dos entrevistados.

A pesquisa também mostra que a média nacional de estudantes que afirmam ter suas vidas acadêmicas atrapalhadas por dificuldades emocionais é de 83,5%.

A região que mais sofre com essa situação é o Sudeste, onde 87,2% das pessoas que participaram relataram ter esse tipo de problema.

Nas demais regiões, os índices de portadores desse tipo de problema são:

  • Sul – 85,3%
  • Centro-Oeste – 82,2%
  • Nordeste – 81,4%
  • Norte – 78,4%

O relatório também traz à tona que 10,8% dos entrevistados relataram ter pensamentos de morte, enquanto 8,5% afirmam ter pensamentos suicidas.

O último relatório da OMS sobre o problema dos suicídios aponta que a prática é a quarta causa de morte mais recorrente entre pessoas de 15 a 19 anos.

Existem vários fatores que explicam o maior prejuízo emocional nos universitários do que nos outros setores acadêmicos ou profissionais.  

O psiquiatra e pesquisador espanhol, Vicent Balanzá-Martínez, afirmou que a fase da vida em que os universitários estão é marcada por mudanças e grandes adaptações:

…o período de trânsito para a universidade coincide com anos de mudanças sociais, econômicas e de autonomia pessoal. Muitos universitários se mudam, vão para outra cidade, deixam suas famílias, assumem mais responsabilidades

Martínez também correlaciona a saúde mental com os níveis de estresse enfrentados   ao longo de seus cursos:

Os estudantes têm os estresses acadêmicos como um extra, as cobranças, a insatisfação com os resultados

No Brasil, muitos estudantes afirmam que têm grandes demandas dentro e fora das instituições. A pesquisa da Andifes destaca que:

  • 34% dos alunos trabalham; 
  • 19,7% entendem que a carga de trabalhos estudantis é excessiva; 
  • 19,3% passam por dificuldades financeiras; e 
  • 18,4% sofrem com o tempo de deslocamento para estudarem.

Outro fator que, segundo Balanzá-Martínez soma-se às mudanças na vida e aumento da carga horária diária, são os maus hábitos que as pessoas nessa faixa etária costumam adotar.

Também é importante relacionar o aumento dos sintomas com as mudanças nos hábitos de vida saudáveis, que se pronunciam nessa etapa da vida. Em geral, dormem poucas horas, passam muito tempo conectados digitalmente e fazem pouca atividade física. Os próprios estudos levam a uma vida mais sedentária

A pesquisa da Chegg.org também aponta que a insônia é outro grande problema entre os estudantes brasileiros, atingindo 59% dos entrevistados. 

Além disso, o relatório destaca que 47% dos brasileiros entrevistados afirmam não ter como manter hábitos saudáveis regularmente, como uma boa alimentação e prática de exercícios físicos. Como apontado pelo pesquisador, fatores internos e externos têm impacto na saúde mental. 

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