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Brasil registra 8 estupros por hora em 2022, e número de casos atinge maior nível da história

Foram 74.930 notificações, segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com 75% delas sendo de estupro de vulnerável

Com informações do R7

“Eu não queria mais, e ele continuou. Eu falava ‘não’, e mesmo assim ele continuou. No dia seguinte, eu chorava na escola com crise de ansiedade. Demorei anos para perceber o que tinha acontecido”. Este é um trecho do relato de Ana Clara*, mais uma vítima de abuso sexual no Brasil.

Os crimes de estupro e estupro de vulnerável bateram recorde histórico de registros em 2022, de acordo com dados inéditos, divulgados nesta quinta-feira (20), pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), responsável pelo estudo, começou a monitorar os casos em 2011, quando foram contabilizados 43.869 registros de abuso sexual. Já o último ano alcançou o recorde de 74.930 ocorrências: em média, mais de 8 casos por hora.

De 2011 a 2022, os abusos sexuais cresceram de forma exponencial, com quedas apenas em 2015 e em 2020, ano de início da pandemia de Covid-19. O número de registros divulgado pelo fórum é devastador, porém, representa apenas uma pequena parcela da quantidade real de vítimas. A subnotificação é um grande desafio.

Um estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em março, indicou que somente 8,5% dos estupros no Brasil são reportados às polícias e 4,2% pelos sistemas de informação da saúde. O número estimado de casos é da ordem de 822 mil, o equivalente a 93 por hora.

  • Estupro de Vulnerável

De acordo com os dados do anuário, 56.820 dos 74.930 casos são de estupro de vulnerável. Isto é, 75,8% das vítimas eram incapazes de consentir com o ato seja pela idade (menores de 14 anos), por alguma doença mental ou por apresentarem estado físico que afetava o discernimento, como a embriaguez.

  • Crescimento de notificações

O anuário aponta que o aumento das notificações de estupros pode estar relacionado ao maior acesso das vítimas à informação, por meio de campanhas de conscientização do governo e da imprensa, e ao empoderamento das mulheres.

  • Casos de estupro por estado

Comparando os anos de 2021 e 2022, os estados com as maiores taxas de notificações de estupro e estupro de vulnerável (por 100 mil habitantes) foram Amazonas (37,3%), Roraima (28,1%), Rio Grande do Norte (26,2%), Acre (24,4%) e Pará (23,5%). Enquanto isso, a média nacional ficou na casa de 8,2%.

De acordo com os dados do anuário, os únicos estados que registraram queda nos índices de abuso sexual no país foram Minas Gerais (-8,4%), Mato Grosso do Sul (-2,1%), Ceará (-2%) e Paraíba (-1%).

  • Desafios

O crimes de estupro é classificado, pelos pesquisadores, como uma violência do tipo intrafamiliar. Isto é, aquela que acontece em casa, durante o dia, e que tem como principais vítimas pessoas consideradas vulneráveis – com destaque para as crianças e os adolescentes. Esses fatores tornam o enfrentamento aos abusos sexuais extremamente desafiador.

  • (nome fictício)
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