Crise no comércio brasileiro tem potencial para prejudicar a indústria
Varejo responde por 25% dos pedidos de recuperação judicial em 2023; movimento atinge diretamente os fornecedores de produtos
A crise que assola o varejo brasileiro nos últimos meses em meio à queda do poder de compra da população pode contaminar a indústria, setor responsável por 20% de toda a produção nacional.
O movimento preocupante tem origem no elevado número de pedidos de recuperação judicial que envolvem o comércio. Neste ano, as 99 solicitações realizadas até abril representam um de cada quatro (26%) pedidos efetivados no período.
Entre todas as requisições do varejo, 71 foram aprovadas pela Justiça, segundo dados do Serasa Experian. Em ambos os casos apenas o setor de serviços aparece com mais pedidos (164) e deferimentos (143) no primeiro quadrimestre de 2023.
Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostram que a situação da indústria já é preocupante, com o segmento em nível 2% abaixo do registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem o impacto da pandemia de coronavírus na economia nacional.
Em abril, a queda de 0,6% da indústria interrompeu a alta apurada em março, quando o segmento cresceu pela primeira vez após acumular queda de 0,6% entre dezembro e fevereiro, três meses consecutivos de perdas no setor.
A taxa básica de juros no maior patamar desde 2017 é outro entrave citado pela indústria como limitador. “Para termos crescimento e desenvolvimento, é claro que a inflação não pode ser elevada, todos nós concordamos com esse ponto. No entanto, precisamos dosar esses juros para que a Selic atenda à meta de inflação e não prejudique a atividade econômica”, afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).