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Crise dos deportados: governo Lula baixa tom e busca negociar com EUA

Governo Brasileiro manteve as críticas às condições em que os brasileiros deportados chegaram ao Brasil

As condições em que os primeiros brasileiros deportados dos Estados Unidos na era Trump chegaram ao Brasil – algemados e sem alimentação – desagradaram o governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então, se reuniu com ministros para discutir a questão, mas na resposta optou pelo pragmatismo. O tom das críticas aos norte-americanos foi suave e indicou vontade de negociar.

O que está acontecendo?

  • 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram a Manaus (AM) no fim da última semana algemados e acorrentados. Os cidadãos relataram agressões por parte de agentes norte-americanos. Eles seguiram presos após o pouso porque o avião americano teve problema e houve impasse sobre a continuação da viagem até o destino final: Belo Horizonte.
  • O presidente Lula determinou à FAB que um avião resgatasse os deportados e os levasse até Confins (MG), além de exigir a retirada das algemas.
  • Na segunda-feira (27/1), o presidente se reuniu com o chanceler Mauro Vieira para discutir a situação. Mais tarde, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para pedir explicações sobre a ação do governo americano.

Embora tenha condenado as condições em que os deportados foram transportados, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, descartou o envio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para buscar futuros deportados por Trump. “Essa é uma questão do governo americano que tem que mandar os brasileiros”, disse o chanceler em coletiva de imprensa.

Vieira, entretanto, afirmou que o governo não admitirá o uso de algemas nos deportados no solo do Brasil e disse que há acordos anteriores, de 2018 e 2021, que trataram e regulamentaram parte dessas operações. “Essa operação foi trágica justamente por uma questão de um defeito no avião”, destacou, ao se referir ao voo que chegou a Manaus na última semana e virou problema.

O Governo Federal também anunciou que vai abrir posto de acolhimento aos brasileiros deportados dos Estados Unidos no Aeroporto Internacional Belo Horizonte (Confins).

A resposta do Itamaraty tenta contornar a situação e não comprometer a relação entre os dois países. Recentemente, a resposta do governo de Donald Trump à reação da Colômbia deu a tônica do que a administração dos EUA está disposta a fazer contra os países que contrariam sua política migratória.

 o governo colombiano se recusou a receber um avião com cidadãos deportados dos Estados Unidos porque eles chegariam em uma aeronave militar. A negativa, entretanto, abriu crise diplomática e quase colocou as duas nações em uma guerra comercial. O país sul-americano recuou da decisão.

A crise causada pelo endurecimento das políticas anti-imigração de Donald Trump tem sido alvo de preocupação no governo Lula. A decisão do presidente americano de suspender os financiamentos a organismos internacionais impactou o programa de acolhimento aos imigrantes venezuelanos, em Roraima.

A medida levou o governo Lula a determinar, de forma emergencial, a realocação de servidores das áreas de saúde e assistência social, da Polícia Federal e da Defesa, para atuarem no apoio aos imigrantes. Nessa terça, o chefe do Planalto convocou nova reunião com ministros de diversas áreas para discutir as deportações.

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