Macron chega ao Brasil em meio a impasse no acordo entre Mercosul e UE
Presidente da França barrou o debate do acordo de livre comércio entre os blocos após pressão do setor agrícola francês
Em viagem oficial ao Brasil pela primeira vez, o presidente francês Emmanuel Macron chega a Belém (PA), para uma série de compromissos no país, alguns deles junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A vinda do chefe de Estado ocorre em meio ao impasse no acordo de livre-comércio entre o Mercosul e União Europeia (UE), que é discutido há mais de 20 anos.
Nos últimos meses, a França tem sido a principal força de oposição para não celebrar o tratado: protestos de fazendeiros, pressão do setor agropecuário e de ambientalistas e até declarações contrárias de Macron são um dos exemplos desse “entrave” nas tratativas.
O texto chegou a ser assinado em 2019, pleno governo de Jair Bolsonaro (PL), mas, sem a ratificação dos dois blocos, tornou-se inválido. Em dezembro do ano passado, o Itamaraty esperava firmar o acordo, enquanto o Brasil ainda presidia o Mercosul.
Contudo, no mesmo período Macron fez duras declarações ao tratado entre os blocos: “Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, mas está mal remendado”.
“Adicionamos cláusulas no início para agradar a França, mas não é bom para ninguém, porque não posso pedir aos nossos agricultores, às nossas indústrias, na França e em toda a Europa, que façam esforços, que apliquem novas medidas para descarbonizar, para deixar certos produtos, para depois dizer: ‘Estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras”, concluiu.