Brasil

Controvérsia sobre exploração de petróleo marca a Cúpula da Amazônia

Chefes de Estado e representantes dos oito países se reuniram no Pará em busca de cooperação contra desmatamento e por sustentabilidade

Ambicioso evento diplomático com o objetivo de encontrar um equilíbrio entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico, a Cúpula da Amazônia patinou em torno de um tema fundamental: o futuro da exploração de petróleo. Reunidos em Belém, chefes de Estado e representantes dos oito países amazônicos não entraram em consenso sobre esse tópico. A própria declaração final do encontro, divulgada na terça, não trouxe metas relacionadas ao tema nem ao desmatamento.

Surpreendendo pelo tom assertivo, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reclamou, em sua participação na cúpula, em Belém, da resistência dos países vizinhos a se comprometerem com o fim da exploração dos combustíveis fósseis.

“Se na floresta se produz petróleo, se está matando a humanidade”, disse Petro, na presença de colegas que ele sabe que são favoráveis à exploração nas bacias da margem equatorial, como o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O que estamos fazendo além dos discursos?”, cobrou o colombiano. Para Petro, a região amazônica precisa deixar de usar petróleo, carvão e gás. A postergação dessa decisão, segundo ele, é uma espécie de negacionismo. “A floresta, que poderia nos salvar do CO², acaba por produzir CO² quando exploramos petróleo e gás nela”, criticou.

O presidente Lula, que se manifestou antes de Petro na cúpula, não respondeu publicamente às cobranças do colega colombiano, mas se recusa a defender o fim da exploração de petróleo na Amazônia.

Em maio deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou pedido da Petrobras para pesquisar a viabilidade da exploração marítima de petróleo na costa do Amapá. O órgão alegou “inconsistências técnicas” na solicitação da estatal.

A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, defende a decisão do Ibama. Em contrapartida, na última semana, Lula disse que o Amapá pode “continuar sonhando”.

“Primeiro, é necessário pesquisar para saber se tem aquilo que a gente pensa que tem e, quando achar, tomar uma decisão do Estado brasileiro. O que será feito? Como podemos explorar? Como vamos evitar que um desastre qualquer prejudique a nossa querida margem do Oceano Atlântico na Amazônia?”, questionou Lula, que tem defendido ainda o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia como forma de financiar o fim da exploração predatória da natureza.

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