Polícia

Juiz decreta prisão preventiva de policial militar que matou jovem com tiro pelas costas

Defesa do policial Fábio de Oliveira, de 35 anos, diz que agiu em legítima defesa. Delegado que preside inquérito diz que declarações do militar são contraditórias

Elden Carlos / Editor

O juiz Moisés Ferreira Diniz, no plantão do Fórum de Macapá, converteu em preventiva a prisão em flagrante do policial militar Fábio de Oliveira Correa, de 35 anos, que é lotado no 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), e que foi apontado como autor do tiro, pelas costas, que matou na noite de sábado o jovem Luiz Ângelo Soares Baía, de 23 anos, que estaria assistindo uma partida de futebol em um campinho de terra batida no bairro Infraero I, Zona Norte de Macapá.

O disparo ocorreu depois que Fábio teria quebrado as luminárias do campo de futebol. O policial militar declarou em depoimento que há pelo menos dez anos vem sofrendo com falhas de energia na residência dele por causa das bolas que atingem a rede elétrica.

Na noite de sábado (5), o fato voltou a ocorrer. O militar decidiu quebrar as luminárias – o que foi filmado e divulgado nas redes sociais. Ainda durante o interrogatório, Fábio relatou que atirou depois de avistar dois homens em uma bicicleta e que um deles teria supostamente feito menção de atirar.

Porém, testemunhas asseguraram que o disparo foi feito pelas costas da vítima que não tinha realizado nenhuma ameaça contra o policial. Em seu despacho, o magistrado declara ainda que com base nos depoimentos a vítima estava sentada e que correu ao perceber o militar com a arma em punho.

“No caso em apreço, estão presentes prova da materialidade, consubstanciada pelo boletim de ocorrência e laudo de corpo de delito. Depreende-se os indícios de autoria pelas declarações testemunhais e pela própria confissão de Fábio. Vejo que este demonstrou alta irritabilidade ao quebrar refletores do campo de futebol e, armado, efetuou disparo, atingindo a vítima, pelas costas, que estava assistindo ao jogo, elevando o seu grau de periculosidade concreta, necessitando acautelar o meio social”, escreve o magistrado em seu despacho.

As informações do juiz estão embasadas no inquérito assinado pelo delegado Wellington Ferraz, da Delegacia Especializada em Crimes Contra Pessoa (Decipe). Ferraz declarou que as testemunhas são unanimes em afirmar que a vítima sequer participava da discussão oriunda da partida de futebol.

“Era muito comum, durante os jogos, a bola passar pra casa do policial. Ele teria se irritado e ido ao campo. Lá, teria discutido com algumas pessoas e passado a quebrar os refletores. A gente tem imagens disso, algumas pessoas saíram correndo e entre elas a vítima, momento em que ele [policial] sacou a arma e começou a efetuar disparos em direção às pessoas que corriam. Foi quando o rapaz acabou atingido. O policial fala que a vítima teria ameaçado sacar uma arma de fogo no momento da confusão, e em reação a essa atitude teria atirado nele. Mas isso não reflete a realidade diante das várias provas que coletamos no loca”, disse a autoridade policial.

A defesa do militar busca desqualificar o crime, alegando que ele agiu em legítima defesa. Após a conversão da prisão o policial foi encaminhado para o Centro de Custódia onde ficará à disposição da justiça.

Reportagem e fotos: Olho de Boto

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