Brasil

Rodovia de 865 km cortando a floresta conecta duas capitais do Brasil

O dilema ambiental da BR-319, que conecta Manaus a Porto Velho, destaca questões urgentes e complexas no Brasil. Esta rodovia, cortando a floresta amazônica, é um ponto focal em debates acalorados entre desenvolvimentistas e ambientalistas

Inaugurada em 1976, a BR-319, com 885 km de extensão, sempre enfrentou desafios de infraestrutura devido à falta de manutenção. A rodovia está em um estado precário, impactando o transporte e restringindo o fluxo econômico na região.

Desenvolvimentistas argumentam que a pavimentação da BR-319 fortaleceria a integração regional, oferecendo uma alternativa logística crucial para o transporte de mercadorias entre Manaus e o restante do país.

Contudo, cruzando uma das áreas ecologicamente mais sensíveis do mundo, a rodovia traz potenciais consequências ambientais graves. Estudos indicam que o desmatamento ao longo de sua extensão elevou significativamente, destacando a necessidade de equilíbrio entre progresso econômico e conservação ambiental.

A controvérsia do impacto ambiental

Ambientalistas alertam que a pavimentação pode intensificar o desmatamento e a perda de biodiversidade na região amazônica. Entre 2020 e 2022, o desmatamento em uma faixa de 50 km ao redor da rodovia cresceu 122%, afetando ecossistemas críticos.

Além disso, a BR-319 atravessa territórios indígenas e unidades de conservação, tornando seu impacto ainda mais complexo. Com o avanço do desmatamento, há riscos de atingir um ponto de inflexão ambiental na Amazônia, comprometendo sua capacidade de sustentar-se como floresta tropical.

Esses fatores fazem a BR-319 não apenas um desafio econômico, mas um tema central de discussões ambientais globais.

Consequências para o transporte e a economia

O estado precário da BR-319 encarece os custos logísticos, tornando o transporte entre Manaus e o resto do Brasil ineficiente e caro. Em períodos chuvosos, a estrada se torna quase intransitável, isolando ainda mais a região.

A pavimentação aparece como uma solução atraente para melhorar esse cenário, mas os riscos ambientais colocam esse projeto sob intenso escrutínio legal e público. As recentes reformas no processo de licenciamento ambiental, que visam facilitar projetos estratégicos, enfrentam obstáculos significativos.

Questões legais persistem, dificultando o avanço das obras. A busca por um equilíbrio entre viabilizar a infraestrutura da BR-319 e proteger o ambiente continua a ser um desafio para o Governo Federal. Atualmente, maneiras de conciliar a manutenção necessária da BR-319 com a implementação de medidas de proteção ambiental são exploradas.

Propostas incluem a criação de Unidades de Conservação e a melhoria da governança na região. No entanto, a estrada encontra dificuldades em obter o licenciamento ambiental adequado, condição obrigatória para sua reestruturação.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo