Bullying: entenda como a violência afeta o cérebro das crianças
Agressão pode acontecer de forma física ou verbal, com prejuízos para o desenvolvimento das crianças

Um comportamento agressivo, intencional e repetitivo, praticado por uma ou mais pessoas contra outra, com a intenção de intimidar ou humilhar. Essa é a descrição do bullying, um problema recorrente na convivência escolar, mas com efeitos que vão além das salas de aula.
O bullying pode ser físico, verbal, psicológica ou até online – chamado de cyberbullying. O conjunto de brincadeiras desagradáveis é uma forma de violência que pode afetar áreas cerebrais importantes no desenvolvimento da criança e deixar sequelas até a fase adulta.
“Estudos mostram que o bullying pode provocar estresse crônico e, consequentemente, ativar áreas cerebrais relacionadas ao estresse e ansiedade, provocando disfunções em áreas como a amígdala, hipocampo, corpo caloso, córtex pré-frontal e ínsula”, explica o neurologista infantil Samuel Borges de Oliveira, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Outra área afetada é o hipotálamo, responsável pela liberação de cortisol, o hormônio do estresse. Em excesso, o cortisol atrapalha outras regiões cerebrais, como o hipocampo – ligado à formação de memórias –, dificultando o aprendizado de novos conteúdos.
A violência psicológica também prejudica o córtex pré-frontal, que fica sobrecarregado devido ao medo e ao estresse causados pelo bullying, afetando o raciocínio lógico e o foco.
Sinais de bullying na infância
- Mudanças bruscas de humor.
- Queda no desempenho escolar.
- Isolamento social, evitando fazer novas amizades, participar de atividades em grupo ou se expor a novas experiências.
- Queixas físicas recorrentes sem causa aparente, com dores de cabeça e problemas no sono.
- Medo ou receio de ir para a escola.
- Sintomas de ansiedade e depressão.
Seqüelas podem ser permanentes
Crianças que sofreram bullying podem se tornar adultos com ansiedade e depressão. Mesmo anos após a violência vivida, essas pessoas podem sofrer com medo constante e preocupação excessiva, inseguranças, baixa autoestima, dificuldade de atenção e em se relacionar com outras pessoas.
Reconhecer e agir com rapidez é fundamental para evitar que o sofrimento se torne uma sequela emocional duradoura. O cérebro infantil tem uma grande capacidade de adaptação, ligada à neuroplasticidade do órgão, o que contribui para bons resultados no tratamento, com mais chances de reverter os danos emocionais durante essa fase.