Brasil

Governo aproveita tarifaço e queda do preço dos alimentos para aproximação com agro

Custo da comida caiu pelo 2º mês consecutivo; Planalto avalia que empresários estão divididos sobre apoio a Bolsonaro

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para estreitar os laços com o agronegócio brasileiro, motivado pela queda no preço dos alimentos e pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A avaliação da gestão petista é que a relação com a área – tradicionalmente próxima à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – pode se beneficiar da correlação entre as taxas aplicadas pelos EUA e a atuação da família Bolsonaro.

Fontes informaram  que o momento é de “investir” na ligação com o agro. Ao anunciar a taxa de 50% aos produtos brasileiros, Trump argumentou que um dos motivos é a suposta “perseguição” enfrentada por Bolsonaro – réu no STF (Supremo Tribunal Federal), inelegível até 2030 e em prisão domiciliar.

Desde o anúncio de Trump, o governo brasileiro trabalha para reduzir os impactos da tarifa. As negociações são lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem se reunido com os setores mais afetados pelo tarifaço – o que inclui áreas do agronegócio, como carne bovina, café, pescados e mel.

O Executivo enxerga divisão no setor. Na avaliação do Planalto, há quem mantenha a defesa ferrenha a Bolsonaro, apesar da relação feita por Trump entre o tarifaço e o ex-presidente.

A expectativa do governo é usar a insatisfação do grupo com Bolsonaro – mesmo que não seja total – para impulsionar os laços de Lula com o agro.

Outros setores

Além do agro, a decisão do governo americano forçou a aproximação entre outros setores ligados a Bolsonaro e o governo Lula.

Foi o caso da indústria armamentista. A empresa de armas Taurus, que vende 85% dos itens fabricados no Brasil para os EUA, precisou se reunir com Alckmin para discutir o tarifaço. Um representante do setor chegou a chamar a taxa de Trump de “tragédia” e “praticamente um embargo comercial”.

Custo da comida

Em julho, pelo segundo mês consecutivo, alimentos e bebidas tiveram queda de preços, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início desta semana.

A última redução foi de 0,27%, como mostrou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medidor oficial da inflação do país.

O preço da comida preocupa o governo de Lula desde o início do ano, quando o alto custo refletiu-se nos índices de popularidade do presidente – em fevereiro, a aprovação atingiu o menor nível dos três mandatos do petista.

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