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Cúpula Putin-Trump: parte da Ucrânia poderia mudar de mãos?

Grandes áreas da Ucrânia foram tomadas à força por Moscou. EUA falaram em “troca de terras”, mas ucranianos têm trunfo para negociação

Quando o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, se encontrarem no Alasca nesta sexta-feira (15), as duas delegações chegarão com perspectivas geográficas bem diferentes.

Para Washington, a Ucrânia cobre uma área de cerca de 600 mil quilômetros quadrados. Mas Moscou considera que o país é 20% menor, já que vê grande parte do leste ucraniano como território russo.

Trump causou certa confusão geográfica antes do encontro, referindo-se repetidamente a ele como uma reunião “na Rússia” – mesmo que os EUA tenham comprado o Alasca da Rússia em 1867. Em seguida, Trump afirmou querer organizar uma “troca de terras” entre Rússia e Ucrânia.

No entanto, a Ucrânia não controla nenhum território russo que pudesse oferecer. Sua contraofensiva na região russa de Kursk, iniciada em agosto de 2024, está praticamente encerrada.

Falta-lhe, portanto, trunfos territoriais para negociar – o que alimenta receios, por parte da Ucrânia e de seus aliados, de que Trump busque fazê-la ceder território à Rússia.

Territórios ucranianos sob controle russo

Nos últimos anos, a Rússia concentrou esforços em conquistar o leste da Ucrânia. Após a revolução pró-europeia da Maidan, que derrubou o governo pró-Rússia em 2014, tropas russas ocuparam a Península da Crimeia, violando o direito internacional.

Em 18 de março daquele ano, a Rússia anexou oficialmente o território após um “referendo” não reconhecido pelo Ocidente. Combatentes russos então desestabilizaram Donetsk e Lugansk, as duas regiões mais orientais da Ucrânia. Juntas, essas áreas formam o Donbass, a bacia do rio Donets, que deságua no rio Don, na Rússia.

Em 21 de fevereiro de 2022, a Rússia reconheceu como independentes duas autoproclamadas “repúblicas populares” pró-Rússia na Ucrânia. Três dias depois, iniciaria sua invasão em larga escala.

A Ucrânia conseguiu repelir, em grande parte, as forças que avançaram pelo norte nos meses iniciais do conflito. Ainda assim, a Rússia conquistou áreas no leste com uso intenso da força militar. Além de cerca de dois terços de Donetsk e quase toda a Lugansk, Moscou controla grandes partes das regiões de Zaporíjia e Kherson, no sudeste, embora ainda não as domine completamente.

Em setembro de 2022, a Rússia promoveu novos “referendos” nas quatro regiões para justificar a anexação. Um relatório recente do Conselho da Europa, entretanto, afirma que civis enfrentam violência e coerção nessas áreas. De acordo com o documento, quem recusa a cidadania russa perde acesso a serviços sociais, educação e saúde.

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