Política Nacional

STF: Fachin deve adotar perfil mais discreto do que atual presidência

Eleito novo presidente com posse prevista para 29 de setembro, Fachin substituirá Barroso na presidência do Supremo

Com perfil discreto, cordial e sereno, o ministro Edson Fachin, assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro. A atuação dele, ao longo dos 10 anos na Corte, o aponta como um magistrado de personalidade mais técnica e mais reclusa a aparições públicas do que o atual presidente, Luís Roberto Barroso.

Nesses dois anos à frente da presidência do STF, Barroso instituiu uma comunicação direta e optou pela linguagem simples no Judiciário, a fim de atingir com a informação o maior espectro de pessoas. Fachin, no entanto, deve apresentar perfil mais parecido com o da ministra Rosa Weber, presidente que antecedeu Barroso.

Rosa, embora combativa e de pulso firme, sempre foi discreta em relação à política, mais reservada, assim como Fachin apresenta ser até os dias atuais, e como mostrou quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por seis meses, em 2022.

Durante o mandato, o ministro prezou pelo andamento dos ciclos de transparência da urna eletrônica e pelo fortalecimento da segurança da votação, em uma época de grande investida no Congresso e do então presidente da República pelo voto impresso. Ele assumiu, ainda, o TSE na missão de combater a desinformação e os ataques institucionais contra a Corte Eleitoral. Na ocasião, prometeu lutar contra o “populismo autoritário” e a desinformação digital.

Fachin tem o perfil de preocupação social, apontado fortemente no julgamento da ADPF das Favelas, que buscou reduzir a violência policial e a letalidade em operações nas comunidades do Rio de Janeiro. Ele será o responsável por decidir a composição da pauta do plenário da Corte nos casos que serão julgados.

O presidente eleito também assume a presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Defesa do STF

Mesmo econômico nas palavras, Fachin é assertivo. Ele defendeu o STF e o ministro Alexandre de Moraes publicamente, após sanções dos Estados Unidos contra a Corte.

No início de agosto, durante evento na Fundação Fernando Henrique Cardoso, Fachin afirmou que a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes é uma “interferência indevida” e uma “ameaça”. Defendeu, ainda, que o país não deve se assombrar com “ventos vindos do norte”.

“Punir um juiz por decisões que tenha tomado é um péssimo exemplo de interferência indevida, e ainda mais quando isso advém de um país estrangeiro em relação a outro país soberano. Portanto, não me parece que seja um caminho dotado de alguma razoabilidade”, disse Fachin.

O presidente eleito do STF considerou que as medidas dos EUA contra o Supremo funcionam como “uma espécie de ameaça”. “Somos de uma geração que já viveu um pouco disso e creio que não vamos nos assombrar com esses ventos que estão vindo do norte, por mais fortes que sejam”, afirmou durante debate.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo