Cidade no sertão da Paraíba guarda o “Vale dos Dinossauros” brasileiro
No município de Sousa estão pegadas fossilizadas que remontam ao período Cretáceo Inferior, há mais de 130 milhões de anos

Não é roteiro de cinema nem obra de fantasia: em pleno sertão da Paraíba, é possível encontrar um “vale dos dinossauros” da vida real, com pegadas fossilizadas dos répteis gigantes que habitaram nosso planeta há milhões de anos atrás.

Esse tesouro paleontológico fica nos arredores do município de Sousa, a cerca de 430 km de João Pessoa, cruzando o mapa paraibano rumo a oeste, na direção da divisa com o Ceará.

A cidade dos dinossauros
Os resquícios da passagem dos dinossauros por esse pedaço do mapa são conhecidos há pouco mais de um século, com a publicação dos primeiros desenhos e registros sobre as pegadas em um livro de 1924, de autoria do engenheiro de minas Luciano Jacques de Moraes.

De lá para cá, Sousa abraçou totalmente essa identidade: em vários pontos da cidade de quase 70 mil habitantes, é possível encontrar estátuas dos répteis. Até o time de futebol local – que alcançou fama nacional ao eliminar o Cruzeiro de Belo Horizonte na Copa do Brasil, em 2024 – traz um dinossauro em seu escudo.

Mas tudo o que se encontra na área urbana é apenas o lado mais moderno de um atrativo que, na verdade, fica nos arredores de Sousa. Quem viaja até esse ponto do sertão com interesse genuinamente paleontológico está em busca do Monumento Natural Vale dos Dinossauros, uma área de 1.730 km² que abrange também municípios vizinhos.

Vale dos Dinossauros
Embora o Vale dos Dinossauros inclua pedaços de municípios dos arredores, como São João do Rio do Peixe, Aparecida e até alguns que não são limítrofes, como Cajazeiras, os elementos mais famosos ficam mesmo em Sousa: tratam-se das pegadas fossilizadas no solo. As mais nítidas são de um iguanodonte, estendendo-se por mais de 50 metros.

Ao todo, o vale conta com marcas de cerca de 80 espécies de dinossauros que viveram no período Cretáceo Inferior, entre 145 e 130 milhões de anos atrás. Depósitos de sedimentos, soterrados e endurecidos ao longo de todo esse tempo, garantiram a sobrevivência das pegadas à erosão natural, que ocorre na maioria dos casos.