O que Brasil e EUA ganham e o que perdem com o tarifaço de Trump
As tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações brasileiras devem entrar em vigor em 6 de agosto, próxima quarta-feira

O governo brasileiro ganhou mais alguns dias para avançar em negociações com a Casa Branca e lidar com a imposição de tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos (EUA).
Na última quinta-feira (31), o presidente norte-americano Donald Trump assinou uma ordem executiva que impôs alíquotas que variam de 10% a 41% a diversos parceiros comerciais dos EUA, incluindo o Brasil.
O documento prevê que o chamado “tarifaço” entre em vigor sete dias após a publicação, em 6 de agosto, próxima quarta-feira. Com isso, países que ainda não conseguiram negociar as novas taxas correm para garantir espaço à mesa de negociações.
O Brasil é um dos mais impactados pela medida, considerada uma ação política pelo governo Lula (PT), já que o cerco judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido fortemente criticado pelo americano Donald Trump. Economistas alertam que tanto brasileiros quanto norte-americanos podem sair ganhando e perdendo com o tarifaço.
O tarifaço de Donald Trump
- O presidente norte-americano Donald Trump assinou, em 31 de julho, ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% contra os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
- Na prática, os 50% são a soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril, com 40% adicionais anunciados no começo do mês e oficializados na última quarta-feira (30/7).
- Apesar disso, o líder norte-americano deixou quase 700 produtos fora da lista de itens afetados pela tarifa extra de 40%. Entre eles, suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro.
- Os produtos isentos serão afetados apenas com a taxa de 10%.
- A previsão do governo norte-americano é de que o tarifaço entre em vigor em 6 de agosto.
Conforme os especialistas consultados pela reportagem, as medidas promovidas pelo governo norte-americano terão impactos significativos, seja do lado positivo ou negativo, tanto para Brasil quanto para os próprios Estados Unidos.
Os prós e contras para o Brasil
O economista Leonardo Costa, do ASA, ressalta que a isenção de alguns produtos estratégicos presentes na ordem executiva, como o petróleo, partes de aeronaves e celulose, “ajuda a mitigar os danos imediatos” para as empresas nacionais.
“A exclusão desses itens da nova tarifa resguarda segmentos com elevado valor agregado ou importância macroeconômica, como a indústria de aviação, papel e celulose e energia”, destaca o economista.
Costa também observa que a extensão do prazo de vigência do tarifaço dá mais uma chance de o Brasil avançar nas articulações diplomáticas, conduzidas pelo Itamaraty, e nas negociações setoriais, que têm sido comandadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).