Termelétricas: entenda modelo caro e poluente favorecido no Congresso
Uso de combustível fóssil para gerar energia elétrica é o principal complicador em decisão do Congresso que favorece termelétricas

A derrubada de vetos do presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT), pelo Congresso Nacional a medidas de incentivo para as usinas termelétricas de produção de energia elétrica deve deixar a conta do serviço mais cara – e poluente.
O principal motivo é necessidade de óleo diesel para o funcionamento destas estruturas. As medidas que Lula tentou evitar implicam na concessão de subsídios a termelétricas e contratação compulsória das estruturas mais poluentes, entre outros pontos.
Os incentivos devem promover o uso mais acentuado das termelétricas. Isto aumenta, conforme críticos aos estímulos, a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Isto acontece justamente no momento em que o Brasil está prestes a sediar a realização da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ser realizada em Belém (PA)em novembro deste ano.
O que está acontecendo?
- O presidente Lula havia vetado emendas no marco regulatório do funcionamento das usinas eólicas que concediam benefícios financeiros às usinas termelétricas.
- Na última terça-feira (17/6), o Congresso derrubou os vetos, fazendo valer os benefícios às termelétricas.
- Há reações de entidades representativas de consumidores que reclamam do impacto do aumento na conta para os clientes.
- Representantes de usinas de produção de energia renovável, como eólicas e solares, se mobilizam para, inclusive, acionar a Justiça para tentar reverter os efeitos da derrubada dos vetos de Lula.
As termelétricas, como o próprio nome diz, precisam de calor para produzir energia. Este calor é obtido pela queima de combustíveis, na grande maioria dos casos, de origem fóssil, como o diesel vindo do petróleo.
“Quando a gente fala da termelétrica, ela depende de um combustível. Toda a geração de energia que envolver a necessidade do combustível já vai ter um maior custo em função deste insumo necessário”, explica o engenheiro eletricista e ex-conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Jovanilson Freitas, ao ressaltar que isto faz toda a diferença no preço do produto gerado nestas estruturas.
“Quando a gente vai para a termelétrica, precisamos do combustível para poder gerar a energia e o consumo deste combustível tem um impacto no preço final da energia que vai ser gerada”, explica o engenheiro eletricista.
Ele faz um paralelo com as hidrelétricas para comparar a diferença nos sistemas de geração. “Quando a gente fala da hidrelétrica, o meu combustível, entre aspas, é a água. Eu não tenho custo para ter água e gerar energia”, detalha Freitas.
Meio Ambiente
O engenheiro eletricista afirmou que há termelétricas que funcionam com outros combustíveis além do diesel, que é fóssil, mas estas são a minoria. A Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) critica a derrubada dos vetos presidenciais.
“Lamentamos que um país com o potencial como o Brasil continue desperdiçando oportunidades, encarecendo e sujando sua energia, que poderia ser o grande vetor de transformação em um país mais próspero e menos desigual, capaz de descarbonizar sua produção industrial e usar a transição energética para competir globalmente com produtos verdes e competitivos”, afirmou nota publicada no site da instituição.
A medida do Congresso vem a poucos meses de o Brasil recepcionar a COP30, maior evento sobre meio ambiente do Planeta a ser realizado em Belém, em novembro deste ano.
Do ponto de vista ambiental, o problema quanto às termelétricas está na poluição originada pela queima de combustíveis. Estimativa do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) relativa a 2023 é de que as termelétricas emitiram 17,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO²).