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Cidade no RS tem enchente pior que a de 2024: “Sensação de impotência”

Com 10% da população afetada por novas enchentes este ano, Jaguari (RS) ainda nem se recuperou das perdas da cheia do ano passado

Ansiedade, agonia e sensação de impotência. É assim que Gisele Sampaio, de 39 anos, descreve a experiência de viver, em pouco mais de um ano, duas das maiores tragédias naturais da história da cidade onde reside desde que nasceu: Jaguari (RS). O município vive agora sua maior enchente em 40 anos e encontra-se em estado de calamidade.

Moradora do bairro Sagrado Coração de Jesus, um dos mais atingidos pelas inundações, Gisele relembra que a situação já era difícil desde a cheia de maio de 2024, mas, desta vez, os danos foram ainda maiores.

“Um ano se passou e a gente ainda não conseguiu recuperar todos os móveis de casa. E, para surpresa de todos nós, agora em junho a gente passou pela mesma tragédia. E, novamente, saímos de casa, deixando tudo para trás. Saímos com umas peças de roupa, uma mochila, nossos bichinhos, e o resto ficou”, relata ela.

Situação geral das enchentes

  • Entre terça (17), e e quarta-feira (18), Porto Alegre acumulou 106,5 milímetros de chuva, praticamente alcançando a média histórica de junho, que é de 115 mm.
  • Ao todo, 51 municípios já registraram algum tipo de ocorrência relacionada às chuvas desde o início da semana, como queda de árvores, interrupções no fornecimento de água e energia, além de danos a estradas e pontes.
  • Segundo a Defesa Civil estadual, mais de 2.300 pessoas estão fora de suas casas, sendo cerca de mil abrigadas em locais públicos.
  • Jaguari é um dos municípios mais impactados, com aproximadamente 1.200 pessoas desalojadas.
  • Embora o volume de chuva e os impactos já sejam significativos, meteorologistas afirmam que, por enquanto, o atual episódio não deve atingir a mesma gravidade da enchente de maio de 2024.

Com 10% da população atingida, Jaguari contabiliza cerca de mil pessoas afetadas. As consequências são visíveis em todas as partes do município: 45 pontes e pontilhões e 70 bueiros foram danificados, pelo menos 20 pontos de estradas sofreram bloqueios e cerca de 30 casas ficaram alagadas. Algumas ficaram com 90% da estrutura submersa.Play Video

“Quando a água do Rio Jaguari sobe, tudo acontece muito rápido. Deixamos tudo que a gente conquistou com muito esforço, muito sacrifício, para trás. Os móveis ficam e, junto com eles, fica a nossa história. A história de todo mundo. O que fizemos para adquirir tudo o que temos hoje, em segundos, a água leva. O estrago é grande. É Triste”, desabafa Gisele.

Situação crítica

A situação mais crítica foi registrada na manhã da última quinta-feira (19), quando o nível do Rio Jaguari chegou a 11 metros, um metro e meio acima da cota de inundação. Embora o nível das águas tenha começado a baixar, o cenário ainda é de alerta.

Diversas famílias permanecem fora de suas casas, e o retorno só será autorizado pela Defesa Civil quando o rio recuar para abaixo dos 10 metros.

Pelo menos 150 famílias estão acolhidas em seis abrigos municipais, enquanto três comunidades continuam isoladas. Nessas regiões, o acesso só é possível por meio de barcos, utilizados por voluntários e equipes da prefeitura para levar alimentos, água potável e itens de primeira necessidade.

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