
Os Estados Unidos se opuseram a uma declaração firme do G7 sobre a Ucrânia, que buscava condenar a Rússia, durante a reunião de cúpula do grupo, concluída no Canadá.
O conflito na Ucrânia era um dos principais eixos da reunião anual do clube das grandes democracias industrializadas (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Reino Unido e Japão), desta vez em Kananaskis, nas Montanhas Rochosas canadenses.
“Não haverá declaração separada” sobre a Ucrânia “porque os americanos queriam dilui-la”, explicou um funcionário canadense sob condição de anonimato, no último dia de reuniões.
Os outros seis membros do G7 acordaram uma “linguagem forte”, mas uma declaração conjunta requeria o aval dos Estados Unidos, que argumentou que queria preservar sua capacidade de negociação, acrescentou esta fonte.
“Alguns de nós, incluindo o Canadá, poderiam ter ido mais longe”, destacou em entrevista coletiva o primeiro-ministro canadense, Mark Carney. Ele ressaltou que todos concordaram em seguir pressionando a Rússia, inclusive com sanções financeiras.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi convidado para a reunião, mas não teve a oportunidade de conversar com o colega americano, com quem tem uma relação tensa.
Zelensky se reuniu nesta terça com os outros líderes do G7, horas depois de um ataque que deixou pelo menos 14 mortos em Kiev, um dos bombardeios mais violentos desde a invasão ordenada pelo presidente russo Vladimir Putin, em fevereiro de 2022.
“É importante que nossos soldados sejam fortes no campo de batalha, que permaneçam fortes até que a Rússia esteja pronta para as negociações de paz”, disse Zelensky. “Estamos prontos para as negociações de paz, para um cessar-fogo incondicional. Para isso, precisamos de pressão”.
Após essas declarações, Mark Carney, anfitrião da cúpula, anunciou que seu país oferecerá uma nova ajuda militar à Ucrânia de 2 bilhões de dólares canadenses (8,05 bilhões de reais), para drones e veículos blindados. Carney reiterou “a importância de ser solidários com a Ucrânia” e de “exercer máxima pressão” sobre Putin, que tem se negado a se sentar na mesa de negociações.
O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou que Putin aproveitou a tensão internacional provocada pela tensão entre Irã e Israel para ordenar o ataque a Kiev.
“Mostra o complexo cinismo do presidente Putin, que utiliza o contexto internacional para intensificar os ataques contra civis”, disse Macron aos jornalistas.