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Cessar-fogo no Oriente Médio é ameaçado por suspensão da libertação de reféns

Hamas anuncia suspensão, por tempo indeterminado, da libertação de reféns israelenses. Em resposta, governo de Netanyahu coloca tropas em alerta. Trump reafirma que palestinos não poderão retornar à Gaza após desocupação

A frágil trégua entre o Hamas e Israel ficou mais vulnerável depois de o movimento islamista anunciar o adiamento por tempo indeterminado da próxima libertação de reféns, parte essencial do cessar-fogo pactuado no mês passado.

A decisão do grupo radical despertou a ira do governo de Israel, que aumentou o nível de alerta, determinou ao exército se preparar para “todos os cenários” e reforçou a presença militar na área do entorno da Faixa de Gaza.

“A libertação dos prisioneiros, que estava programada para o próximo sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até novo aviso, dependendo do cumprimento do que foi acordado pela ocupação e dos compromissos retroativos das últimas semanas”, declarou Abu Ubaida, porta-voz das Brigadas Al Qasam, o braço armado da facção islamista, em um comunicado. “Reafirmamos o nosso comprometimento com os termos do acordo, desde que a ocupação os cumpra”, acrescentou.

O ministro israelense da Defesa, Israel Katz, reagiu, denunciando uma “violação total do acordo de cessar-fogo e de libertação dos reféns”. Katz afirmou, também em nota, a ordem de mobilização das tropas.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou, por sua vez, que todos os parentes dos reféns foram comunicados a respeito do anúncio do Hamas. O Fórum das Famílias “solicitou assistência aos países mediadores para ajudar a restabelecer e aplicar o acordo existente”. Até o momento, os milicianos do Hamas libertaram 16 reféns israelenses em troca de centenas de prisioneiros, na sua maioria palestinos, detidos em Israel.

“Inferno”

Principal aliado de Israel, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou como “terrível” a ameaça do Hamas e disse que vai provocar um “inferno” se não “trouxerem todos de volta antes do meio-dia de sábado”. Ele assinalou que Netanyahu deveria “cancelar” a trégua se esse prazo não for cumprido.

Trump adicionou ainda ainda mais tensão à situação ao falar, novamente, sobre a sua controversa proposta de transformar a Faixa de Gaza em uma espécie de Riviera do Oriente Médio.

No domingo, Netanyahu classificou a proposta do norte-americano como “revolucionária”. “O presidente Trump veio com uma visão completamente diferente, muito melhor para Israel”, elogiou. Mas grande parte dos países reagiu com indignação. Ontem, o magnata republicano ameaçou suspender as ajudas para Egito e Jordânia, caso não acolham palestinos, como previsto em seu projeto de realocação. A ONU e analistas internacionais já alertaram para o risco de uma limpeza étnica.

Negociações

As declarações de Trump e os embates entre Israel e Hamas ocorrem em meio ao início das negociações para definir a eventual segunda fase da trégua. Desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro, 16 reféns israelenses foram libertados em troca de 765 prisioneiros, em sua maioria palestinos. Segundo o acordo, outros 17 reféns deveriam ser libertados antes do fim da primeira fase do armistício, de 42 dias.

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