Fonte de pressão para o governo, inflação periga estourar teto da meta
No acumulado do ano até novembro, está em 4,29%; o teto da meta é 4,5%. BC informou que há 100% de chance de estouro da meta inflacionária
Um tópico sensível para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a inflação de 2024 será conhecida a partir desta sexta-feira (10/1). O Governo Federal aguarda os dados para saber se foi capaz de cumprir a meta inflacionária.
Nesta sexta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará os dados referentes a dezembro, o total da inflação no ano e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Pontos em questão
- A meta da inflação para 2024 é de 3%, tendo 1,5% como base e 4,5% como teto.
- Mercado e BC apostam que a meta será estourada.
- Desde o começo do terceiro mandato, o governo Lula não descumpriu a meta inflacionária, mas isso não deve se repetir em 2024.
- Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o objetivo foi descumprido duas vezes: em 2021 e 2022.
A meta da inflação para 2024 é de 3% com variação de 1,5 ponto percentual – ou seja, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. O objetivo foi traçado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Banco Central, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento.Play Video
Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) já teceram críticas à meta de inflação. Entre eles, inclui-se a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Antes da alteração no sistema da meta de inflação, ela defendeu a mudança do centro da meta, que, na opinião dela, teria sido fixado “irrealisticamente” antes do atual governo Lula.
O temor do governo perdura porque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, está em 4,29% no acumulado do ano (ou seja, no período de janeiro a novembro).
Desde o começo do terceiro mandato, o governo Lula não descumpriu a meta inflacionária, mas isso não deve se repetir em 2024. Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o objetivo foi descumprido duas vezes: em 2021 e 2022.
O que é o IPCA?
- Refletindo o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro, o IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE.
- O IPCA é considerado o termômetro oficial da inflação no país e é usado pelo Banco Central para ajustes na taxa de juros, a Selic.
- Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
- O IPCA tem por meta pesquisar dados nas cidades de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
- O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.
Mercado e BC acreditam que inflação vai estourar meta
Embora ainda esteja dentro do intervalo de tolerância da meta, o IPCA corre o risco de estourar o teto previsto na meta. Um dos fatores que sustenta essa hipótese são as projeções do mercado financeiro.
Segundo o relatório Focus mais recente, os analistas financeiros apostam que a inflação fechará o ano em 4,89% e que os preços de bens e serviços do país devem avançar 0,58% em dezembro. Com isso, o índice fecharia acima dos 4,5%.
O próprio Banco Central, que tem o papel de controlar o avanço da inflação por meio da taxa de juros (a Selic), admitiu que a meta será descumprida em 2024. Em relatório publicado em dezembro, a autoridade monetária informou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta de 2024 é de 100% – a estimativa anterior (de setembro) era de 36%.