Entre os mais controversos, estão a convocação do ministro Flávio Dino e o convite ao ex-presidente Jair Bolsonaro
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro está com o prazo final marcado para 20 de novembro. Enquanto isso, na pauta existem mais de mil requerimentos não apreciados que podem ser levados ao plenário do colegiado. A comissão tem sessão dois dias por semana, tempo inviável para votação e execução de todos os pedidos.
Entre os que encontram mais resistência estão o de convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o de convite ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mais de dez requerimentos são referentes a convocações de membros do Exército, Aeronáutica e Marinha. Ainda estão na lista pedidos para ouvir presos no 8 de Janeiro e advogados de pessoas que foram detidas durante os atos extremistas.
Um dos pedidos é de convocação da secretária de Desenvolvimento Social do DF Ana Paula Marra. O pedido foi feito após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres falar à Polícia Federal que se reuniu com Ana Paula e outros representantes do Governo do DF em 6 de janeiro para tratar, entre outros assuntos, da “retirada total” do acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
José Múcio Monteiro Filho, ministro da Defesa, também pode ser convidado caso requerimento com a solicitação da ida dele à comissão seja aprovado. Um dos motivos alegados no pedido é o de que autoridades do governo já saberiam dos riscos dos ataques do dia 8.
- Estratégia do presidente da CPMI
Em vez de pautar todos os pedidos, o presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil-BA), tem a estratégia de acordar quais requerimentos vão a votação com as lideranças do colegiado antes de cada sessão. A ideia, segundo ele, é equilibrar a quantidade de pedidos aprovados entre os apresentados pela oposição e pelo governo.
Maia lembrou ainda que, no começo dos trabalhos da CPMI, houve votação de requerimentos diretamente no colegiado, e o governo acabou rejeitando todos aqueles apresentados pela oposição.
No mês passado, o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) afirmou que Maia será lembrado “como alguém que foi o pizzaiolo de uma pizza na CPMI”. Marcon criticou o ritmo do colegiado, principalmente para aprovar requerimentos. Em sua defesa, Maia disse que tem trabalhado para garantir “equidade” na comissão, mas chegou a ameaçar mudar a estratégia e pôr em votação todos os requerimentos apresentados de uma só vez.