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Sem Putin na ONU, Lavrov assume protagonismo em maratona diplomática

Sergey Lavrov lidera maratona de encontros bilaterais na ONU, em Nova York, reforçando papel da Rússia no cenário geopolítico atual

Na ausência do presidente Vladimir Putin, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, tornou-se o rosto da diplomacia russa na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, esta semana. Com uma agenda intensa em andamento, o chanceler multiplicou reuniões com aliados estratégicos e interlocutores críticos de Moscou, buscando tanto aliviar tensões no Ocidente quanto fortalecer laços no Sul Global.

O ponto alto ocorreu na quarta-feira (24), quando Lavrov se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. O encontro veio um dia depois da reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, na qual o presidente ucraniano pediu novas sanções contra Moscou e Trump defendeu que este seria o “momento da Ucrânia agir”.

Segundo o Kremlin, Lavrov e Rubio reafirmaram a disposição de buscar uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, retomando os entendimentos alcançados na cúpula bilateral no Alasca. Moscou sinalizou estar aberta a coordenar esforços com Washington, mas acusou Kiev e capitais europeias de trabalhar para prolongar o conflito.

Do lado americano, o Departamento de Estado destacou que Rubio transmitiu a exigência de Trump por um “fim imediato da violência” e pediu que a Rússia adote “medidas significativas” para viabilizar uma resolução duradoura.

Com ambas as partes reconhecendo a necessidade de reativar missões diplomáticas, suspensas desde o início da guerra.

Embargo a Cuba volta à pauta

No mesmo dia, Lavrov reforçou alianças históricas, ao se reunir com o chanceler cubano Bruno Rodríguez Parrilla. O ministro russo defendeu o fim imediato do embargo econômico imposto pelos EUA desde os anos 1960 e pediu a retirada de Cuba da lista de “Estados patrocinadores do terrorismo”.

Segundo comunicado oficial, o encontro ocorreu em tom “confiante e construtivo” e tratou da ampliação da cooperação econômica, além da coordenação conjunta em fóruns multilaterais como a ONU e os Brics+.

Oriente Médio e África em foco

Em reuniões com o chanceler do Egito, Badr Abdelathi, nessa quinta-feira (25/9), Lavrov discutiu a preparação da primeira Cúpula Rússia-Países Árabes, marcada para outubro, em Moscou, e a segunda conferência do Fórum Rússia-África, prevista para novembro, no Cairo. O diálogo incluiu ainda a escalada no conflito palestino-israelense e crises regionais no Líbano, Síria, Sudão e Líbia.

Já com o chanceler sírio, Asaad Shibani, Lavrov reafirmou apoio à integridade territorial da Síria e defendeu que as disputas internas sejam resolvidas por um “amplo diálogo nacional, sem interferência externa”.

América Latina na agenda

Ainda durante sua agenda de quinta-feira, o chanceler também se reuniu com o presidente da Bolívia, Luis Arce, em um encontro voltado à ampliação de projetos de cooperação comercial e energética. Os dois lados reiteraram a intenção de reforçar a coordenação em organismos internacionais.

Arce saiu em prol da Rússia na recente escalada do conflito de Moscou com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Também vemos a lógica da morte na Eurásia. Lá, apesar das constantes tentativas de encontrar uma solução política, a expansão da Otan levou ao prolongamento do conflito armado, enquanto a Ucrânia está sendo usada como trampolim para ataques à Rússia”, disse o líder boliviano.

Na República Dominicana, a agenda incluiu comércio, cultura e cooperação política, enquanto em conversa com o chanceler da Sérvia, Miloj Djuric, Moscou voltou a defender a integridade territorial do país e reafirmou apoio à posição sérvia no Kosovo e nos Bálcãs.

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