EUA devem cortar juros pela 1ª vez sob Trump. Como isso afeta o Brasil
Mercado aposta em queda da taxa americana nesta quarta-feira (17). Ela tende a ser positiva para o mercado brasileiro, mas existem riscos

Se há uma unanimidade no mercado global, ela reside na previsão de um corte nos juros dos Estados Unidos nesta quarta-feira (17). A dúvida é se a queda será pontual ou marcará o início do afrouxamento da política monetária do país, com novas reduções neste ano. Em qualquer um desses cenários, contudo, analistas afirmam que o movimento da taxa americana terá forte impacto no Brasil. É provável que essa repercussão seja positiva, mas os riscos existem.
E quais serão os possíveis efeitos benéficos do corte de juros nos EUA no Brasil? A lista de consequências, em linhas gerais, inclui os seguintes pontos.
- Avanço da Bolsa: a tendência é de maior fluxo de capitais para ações, beneficiando setores ligados ao consumo e ao crédito.
- Câmbio: valorização do real frente ao dólar diante do maior diferencial de juros, embora riscos internos e externos sigam no radar.
- Inflação: com a tendência de queda do dólar, há menor pressão sobre os preços de diversos produtos como os que utilizam insumos importados.
- Renda fixa: oportunidade em títulos longos.
Chances elevadas
A decisão sobre os juros nos EUA será anunciada na tarde desta quarta-feira, depois da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed – Banco Central Americano). A seguir, no início da noite, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), também divulgará o valor da taxa básica nacional, a Selic.
Nos Estados Unidos, dados da ferramenta FedWatch, do CME Group, dono da maior bolsa de derivativos do planeta, mostram que as possibilidades de corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) dos juros, fixados desde dezembro no intervalo entre 4,25% e 4,50%, são de 96%.
As chances de uma queda maior, de 0,5 p.p. atingem 4%. Ou seja, a redução é tida como uma barbada, a questão é o tamanho do tombo e se ele vai perdurar ao longo deste ano.
No Brasil, a situação é diferente. Se há unanimidade, ela aponta para a manutenção da Selic no atual patamar de 15% ao ano, o maior nível desde 2006.