Nova declaração de Rubio aumenta tensão entre governo Trump e Brasil
Declaração sobre condenação de Bolsonaro amplia a crise diplomática e marca novo capítulo nas tensões entre Brasil e EUA

A crise entre Estados Unidos e Brasil parece caminhar para um ponto de inflexão. A nova declaração do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, sinaliza que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser apenas um assunto interno e passou a moldar a relação bilateral entre as diplomacias.
Ao prometer uma resposta de Washington “na próxima semana ou algo assim”, Rubio transforma um julgamento no Brasil em peça central de uma disputa diplomática de alcance maior com o governo brasileiro.
Segundo Rubio, o “Estado de Direito está se desintegrando” no Brasil e a decisão da Primeira Turma do STF, que aplicou pena de 27 anos e três meses a Bolsonaro por crimes contra a democracia, seria parte de uma “campanha de opressão judicial”.
Ele citou nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de “perseguição política” e de ameaçar cidadãos americanos por sua atuação on-line.
“Temos esses juízes ativistas – um, em particular – que não só perseguiu Bolsonaro, aliás, ele tentou realizar reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos ou contra alguém que postasse online de dentro dos Estados Unidos, e até ameaçou ir ainda mais longe nesse sentido. Portanto, haverá uma resposta dos EUA a isso”, declarou o secretário.
Críticas em série
A nova manifestação reforça o tom adotado pela diplomacia trumpista desde o inicio do julgamento de Jair Bolsonaro. Rubio já havia classificado Moraes como “violador de direitos humanos” e suspendeu o visto do magistrado e de familiares próximos. A ofensiva foi seguida por outros integrantes do Departamento de Estado.
O vice-secretário Christopher Landau declarou que a decisão do STF leva as relações bilaterais “ao ponto mais sombrio em dois séculos”. Já Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública, disse que a condenação de Bolsonaro simboliza “censura” e será tratada pelos EUA “com a maior seriedade”.
No Congresso americano, aliados republicanos também entraram em cena. O deputado Rich McCormick, da Geórgia, defendeu sanções contra ministros do Supremo e afirmou que os EUA “estão com o povo brasileiro”.
Condenação de Bolsonaro
Logo que Bolsonaro foi condenado pela primeira turma do STF, o governo norte-americano se posicionou por meio de Marco Rubio, que prometeu responder à condenação do ex-mandatário.
“As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu o secretário de Estado dos EUA em uma publicação no X. “Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”.