Amazônia Legal: saneamento traz retorno econômico e social 5x maior do que o investimento
Estudo mostra que universalização do saneamento pode gerar R$ 330 bilhões em benefícios na região até 2040

O último Censo do IBGE, de 2022, apontou que 9,5 milhões de pessoas viviam sem acesso à água potável e 22 milhões sem coleta de esgoto nos 772 municípios da Amazônia Legal.
Por sua vez, estudo do Instituto Trata Brasil – em parceria com a EX ANTE Consultoria, mostra que o investimento em saneamento promove não apenas saúde e qualidade de vida, mas retorno econômico. Segundo a pesquisa, para cada R$ 1 investido em saneamento na Amazônia Legal, o retorno pode ser de R$ 5,10 em um futuro próximo.
Com investimentos, os benefícios líquidos podem chegar a R$ 330 bilhões até 2040, gerando impactos diretos na saúde pública, geração de empregos, renda, no turismo e até na valorização imobiliária.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba oito estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), além de parte do Maranhão – a extensão total é de 5 milhões de quilômetros quadrados.
A universalização do saneamento na Amazônia Legal permitiria não só transformar a vida de milhões de brasileiros, mas fortalecer a preservação ambiental da maior floresta tropical do planeta.
De acordo com o estudo, entre 2000 e 2022, oito milhões de moradores passaram a ter acesso à água tratada e quatro milhões ganharam coleta de esgoto no período. O número de pessoas sem banheiro em casa caiu de 3,6 milhões para 414 mil.
Apesar dos avanços, contudo, apenas 16,8% do esgoto produzido é tratado, e diariamente são despejados 2,3 trilhões de litros de esgoto sem tratamento em rios e córregos da região.

Redução de custos e aumento de renda
O Trata Brasil estima que os ganhos previstos entre 2024 e 2040 englobariam as áreas de saúde, produtividade, mercado imobiliário e turismo:
• Economia de R$ 2,7 bilhões em internações e afastamentos por doenças relacionadas à água contaminada;
• Aumento de R$ 192,9 bilhões na renda do trabalho;
• Valorização imobiliária em R$ 25,1 bilhões;
• R$ 22,1 bilhões provenientes do turismo, impulsionado pela despoluição de rios e lagos.
Além disso, os investimentos em saneamento podem chegar a R$ 134,8 bilhões, gerando R$ 174,6 bilhões em renda direta, indireta e induzida.
Os maiores ganhos absolutos serão registrados no Pará, Maranhão e Mato Grosso, enquanto os ganhos per capita mais significativos se concentram em Rondônia (R$ 1.049,23), Acre (R$ 894,98) e Amazonas (R$ 817,14). Entre as capitais, Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Macapá (AP) lideram a lista de maiores retornos por habitante.
O estudo também aponta que, após 2040, o legado da universalização continuará trazendo benefícios estimados em mais R$ 342 bilhões.