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Como Putin “acordou” a adormecida Polônia, que quer investir R$ 190 bilhões em defesa

País vai comprar tanques, caças e sistemas antiaéreos após invasão de drones russos e exercícios militares de Moscou com Belarus

A Polônia está se transformando na maior potência militar da Europa. O país prometeu um investimento de US$ 35 bilhões (cerca de R$ 190 bilhões) para ampliar as forças armadas. Tudo isso para dar uma resposta direta às ameaças do presidente russo, Vladimir Putin.

A escalada militar do país, que inclui a compra de tanques, caças e sistemas de defesa, foi intensificada após a invasão de drones russos no espaço aéreo polonês, na quarta-feira (10), e os exercícios militares conjuntos da Rússia com Belarus, iniciados na sexta (12).

Na quinta-feira (11), o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, anunciou a modernização das forças armadas durante um discurso em uma base aérea em Lask, no centro do país, segundo o jornal britânico The Sun.

Na ocasião, ele disse que a Polônia receberá, no ano que vem, os primeiros caças F-35 dos Estados Unidos – amplamente classificados como os jatos mais avançados do mundo –, parte de um pedido de 32 aeronaves a serem entregues até 2030.

“Faremos tudo para garantir que nossas obrigações aliadas sejam cumpridas”, afirmou Tusk, ressaltando os compromissos do país com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Incursão de drones

A resposta polonesa veio um dia após drones russos invadirem o espaço aéreo do país durante um ataque noturno contra a Ucrânia. A Polônia também acionou o Artigo 4 da Otan, que prevê consultas entre aliados quando a segurança de um membro é ameaçada.

Donald Tusk classificou o incidente como uma “provocação em larga escala” da Rússia. Essa foi a primeira vez que um país membro da Otan disparou contra ativos militares russos desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

O premiê disse que 19 objetos identificados como drones foram detectados no espaço aéreo da Polônia. Ainda na quarta-feira, o Ministério do Interior polonês informou que 16 drones foram encontrados espalhados pelo país.

Os drones foram abatidos por caças F-16 poloneses, F-35 holandeses, aviões de vigilância AWACS italianos e aeronaves de reabastecimento da Otan, de acordo com informações divulgadas pela Reuters.

Na quinta-feira, a Polônia anunciou restrições ao tráfego aéreo no leste do país até 9 de dezembro e informou que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) convocaria uma reunião de emergência para discutir as incursões de drones.

Investimentos recordes em defesa

Até 2014, a Polônia nunca havia sido lembrada como uma nação com enorme poder militar. Mas as coisas começaram a mudar naquele ano. Quando a Rússia anexou a Crimeia, Varsóvia entendeu que precisava de uma defesa robusta para evitar o mesmo destino.

Na época, as Forças Armadas da Polônia eram a nona maior da Otan. Hoje, os poloneses ocupam a terceira posição em efetivo militar na aliança, atrás apenas dos EUA e da Turquia. A defesa do país dobrou em mão de obra, chegando a um efetivo de mais de 200 mil membros. Já o orçamento triplicou em termos reais.

Na Europa, apenas o Reino Unido, a França e a Alemanha gastam mais, segundo o jornal britânico The Economist. Mas em relação ao percentual do PIB (Produto Interno Bruto) que é dedicado às questões militares, a Polônia está bem à frente do restante do bloco europeu.

O governo polonês aposta em alianças com os EUA e a Coreia do Sul para fortalecer a segurança. O país gastou mais de US$ 60 bilhões em compras de helicópteros de ataque Apache, sistemas de defesa antiaérea Patriot e equipamentos militares sul-coreanos avançados, como tanques, obuses e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo.

Autoridades polonesas, como o ex-ministro da Defesa Mariusz Błaszczak, afirmam que o fortalecimento militar é um recado claro ao Kremlin. “Não haverá país mais forte na Europa quando se trata de artilharia e tropas blindadas”, disse Błaszczak.

“Estamos enfrentando uma ameaça enorme. Se não aproveitássemos esta oportunidade para desenvolver nossa segurança, seria um fracasso histórico e trágico”, afirmou Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro da Polônia.

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