Caças venezuelanos sobrevoam navio norte-americano; ‘ação altamente provocativa’, dizem EUA
Episódio acontece dois dias após ataque que matou 11 pessoas a bordo de embarcação saída da Venezuela

Dois caças F-16 da Venezuela sobrevoaram o destróier USS Jason Dunham, da Marinha dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, 4, em águas internacionais no Caribe. O episódio, classificado como uma “ação altamente provocativa” pelo Pentágono, elevou a tensão entre Washington e Caracas.
O incidente ocorre apenas dois dias após um ataque norte-americano que matou 11 pessoas a bordo de uma embarcação saída da Venezuela, acusada pelo governo de Donald Trump de transportar narcóticos ilegais. A operação foi parte de uma ofensiva contra o grupo criminoso Tren de Aragua, designado como organização terrorista pelos EUA no início de 2025.
O Departamento de Defesa comparou o governo de Nicolás Maduro a um “cartel do narcotráfico”, acusação que Caracas nega. “O cartel que comanda a Venezuela foi fortemente advertido a não tentar obstruir operações antidrogas e antiterrorismo conduzidas pelos EUA”, disse a nota oficial.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), o Departamento de Defesa afirmou que o sobrevoo do USS Jason Dunham é uma “ação altamente provocativa”. “O cartel que controla a Venezuela é fortemente advertido a não tentar, de nenhuma forma, obstruir, dissuadir ou interferir nas operações de combate ao narcotráfico e ao terrorismo conduzidas pelas forças militares dos Estados Unidos”, publicou o Pentágono.

A embarcação é um dos ao menos sete navios de guerra norte-americanos atualmente deslocados para a região. Ela transporta mais de 4,5 mil marinheiros e fuzileiros navais.
A decisão americana de destruir a embarcação suspeita, em vez de apreendê-la e prender sua tripulação, foi considerada incomum e comparada a operações militares contra grupos como a Al Qaeda. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, defendeu a ação e prometeu novas ofensivas. “O envenenamento do povo americano acabou”, declarou.
Dentro dos Estados Unidos, no entanto, as medidas receberam críticas. A deputada democrata Ilhan Omar acusou Trump de agir de forma “ilegal” e de ignorar a autoridade constitucional do Congresso em assuntos de guerra e paz. “O simples fato de rotular um grupo como terrorista não dá a qualquer presidente carta branca para iniciar ataques militares”, disse.