Delegado-geral da Polícia Civil do Amapá confirma 6 mortos em chacina no Vale do Jari
Duas pessoas ainda estariam desaparecidas; buscas são realizadas pela força-tarefa aos desaparecidos e possíveis autores dos assassinatos

Elden Carlos – Editor
O delegado-geral da Polícia Civil do Amapá, César Vieira, confirmou na manhã desta sexta-feira (8), durante entrevista ao programa Primeira Opção (rádio Equinócio 99,1FM), que as forças de segurança que atuam na área de conflito entre o município de Laranjal do Jari (AP) e o distrito de Monte Dourado (PA) localizaram seis corpos nesta quinta-feira (7) após o anúncio de que um grupo de garimpeiros teria sofrido um ataque na região localizada às margens do rio Iratapuru, um afluente do rio Jari. O ataque teria ocorrido próximo ao porto do Itapeuara, uma área conhecida como ponto de transbordo de cargas e combustíveis que são levados para as áreas de garimpo.
“Temos a confirmação de seis corpos localizados com duas pessoas ainda desaparecidas. Assim que essa informação chegou, o governador Clécio Luís, de imediato, determinou o envio de uma força-tarefa para a região. Neste momento estão sendo realizados os trabalhos de translado desses corpos para o Departamento de Medicina Legal (DML) da Polícia Científica do Amapá (PCA) para que possa haver, inicialmente, a identificação de cada um deles. Paralelo a isso, prosseguimos com as buscas aos desaparecidos e estamos com as investigações em andamento para identificar os autores do ataque e a motivação. Estamos atuando de forma cooperada com a polícia do Pará. Ainda hoje deveremos ter novidades sobre o caso”, declarou o delegado-geral.

Cronologia
O programa Primeira Opção teve acesso com exclusividade a um relatório do 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM), responsável pela cobertura policial ostensiva no Vale do Jari. Em uma cronologia, o relatório descreve que no dia 31 de julho quatro pessoas (dos municípios de Macapá e Calçoene) seguiram juntas para Laranjal do Jari.
O objetivo delas seria a negociação de um garimpo na região. Os quatro homens foram identificados como: Gustavo Gomes Pereira; Dhony Dalto Clotilde Neres; Jânio Carvalho de Castro e José Nilson de Moura. No dia 5 de agosto eles foram dados como desaparecidos.
Além desses nomes, o relatório também cita outras duas pessoas: Luciclei Caldas Duarte, o “Tripa”, e o sogro dele, Paulo da Silva Santos, o “Toninho”, que seria o dono da área a ser negociada. Luciclei foi a pessoa que recebeu o grupo de quatro pessoas em Laranjal do Jari.
No dia 1º de agosto, Luciclei levou os quatro homens até o porto do Itapeuara, onde as duas caminhonetes foram deixadas. De lá eles seguiram de barco até o garimpo do Ipitinga, de propriedade do empresário Toninho, onde pernoitaram.
A cronologia contida no relatório mostra ainda que – já na companhia de Toninho – o grupo seguiu no sábado (2) para a Serra do Catitu para avaliar a terra que seria negociada. Eles permaneceram nessa área até o domingo (3). Na segunda-feira (4), os trabalhadores retornaram para o garimpo de Toninho, onde pernoitaram. Por volta das 8h da manhã de terça-feira (5), o grupo iniciou a viagem de volta para Laranjal do Jari, chegando no porto do Itapeuara por volta de 14h20.
Já no porto, eles ainda iriam dar carona para outra pessoa, identificada como Elilson Pereira de Aquino. Foi nesse horário que um dos empresários enviou uma mensagem para um familiar comunicando o retorno. Segundo o 11º BPM, esse teria sido o último contato das vítimas. Ainda existiria uma outra pessoa desaparecida, mas ainda sem identificação.