Café brasileiro conquista a China com aval para 183 exportadores e acordo bilionário com rede local
China amplia acordos e fortalece o Brasil no mercado asiático; Consumo cresce.

A China ampliou o espaço para o café brasileiro em seu mercado ao habilitar, 183 novas empresas brasileiras para exportação do produto. O anúncio foi feito pela Administração Aduaneira Geral da China e divulgado por meio das redes sociais da Embaixada da China no Brasil, além de compartilhado oficialmente pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
A medida entra em vigor com validade de cinco anos, estabelecendo um novo marco nas relações comerciais entre Brasil e China no setor cafeeiro.
Exportadores de café brasileiros e tarifas dos EUA
A decisão chinesa foi anunciada no mesmo dia em que o governo dos Estados Unidos, sob comando do presidente Donald Trump, determinou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro. Atualmente, o Brasil responde por cerca de um terço das 25 milhões de sacas consumidas anualmente pelos norte-americanos.
A nova taxação cria desafios para os exportadores brasileiros nos EUA, mas, ao mesmo tempo, reforça o protagonismo do Brasil no mercado chinês e asiático. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras para a China ainda eram modestas até meados deste ano, totalizando 538 mil sacas nos primeiros seis meses de 2025.
No entanto, a expectativa de crescimento é significativa, impulsionada por acordos firmados com grandes redes locais.
Parcerias estratégicas com a Luckin Coffee
Em junho de 2024, durante missão da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos) a Pequim, a Luckin Coffee e representantes do agronegócio brasileiro fecharam um acordo para a compra de 120 mil toneladas de café brasileiro até 2029.

Esse volume foi ampliado em novembro do mesmo ano, quando as duas partes decidiram dobrar a meta para 240 mil toneladas, sinalizando o apetite crescente do consumidor chinês pelo café nacional.
A agência ApexBrasil tem sido um dos principais articuladores dessas parcerias, atuando em feiras, rodadas de negócio e eventos de promoção do café brasileiro no país asiático.
Crescimento do consumo de café na China
A ascensão do café brasileiro na China acompanha uma mudança nos hábitos de consumo locais. Em 2023, a média per capita era de 16,7 xícaras por ano, segundo dados do setor.
Em 2024, esse número subiu para 22,22 xícaras, e as previsões indicam que, até o final do ano, o consumo chegue a cerca de 30 xícaras anuais por pessoa.
Embora o índice esteja longe da média global, de aproximadamente 150 xícaras por ano, o potencial de crescimento é considerado expressivo por analistas e especialistas do mercado de café.
Ampliação das exportações brasileiras
De acordo com a Administração Aduaneira Geral da China, a habilitação dos exportadores faz parte de um movimento mais amplo de aproximação comercial com o Brasil.
Além do café, outros setores do agronegócio foram beneficiados na mesma ocasião:
- 30 empresas brasileiras receberam autorização para exportar gergelim
- 46 foram habilitadas para vender farinhas de aves e suínos para o mercado chinês
Todas essas permissões passaram a valer em 30 de julho de 2025, fortalecendo a presença do agronegócio brasileiro na China.