Política Nacional

Mauro Cid diz ao Supremo que foi taxado de ‘traidor’ e perdeu amigos

Ele também pediu que seja reconhecida e declarada a absolvição das acusações de tentativa de golpe de Estado

Em alegações finais apresentadas ao STF (Supremo Tribunal Federal), o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, disse que se isolou, perdeu aqueles que considerava seus amigos, a convivência em sociedade, o exercício de sua profissão, foi e continua sendo taxado de traidor.

“Dentro de um quadro de dezenas de acusados, ninguém teve a coragem de Mauro Cid. Tais ataques ocorreram de diversas formas reiteradas e coordenadas; tanto por redes sociais, meios alternativos de comunicação e articulações político-institucionais, numa verdadeira campanha de retaliação moral e psicológica, tal qual tem sido vítima também o próprio Ministro Relator e essa Corte”.

Para a defesa, “Mauro Cid não participou de reuniões golpistas, não ordenou ou incentivou qualquer ato de violência, não promoveu ruptura institucional, não se reuniu para planejar golpes de Estado”. Ele também pediu que seja reconhecida e declarada a absolvição das acusações de tentativa de golpe de Estado.

O documento foi apresentado dentro de ação que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras sete pessoas por envolvimento em um golpe de Estado. Cid foi o primeiro a apresentar alegações porque fez delação.

Segundo a defesa do militar, houve um “excesso por parte da Procuradoria-Geral da República, que abdica de seu papel institucional de promotora da justiça, para assumir, perigosamente, a posição de promotora de narrativas”.

Para a defesa, dados reunidos pela Polícia Federal, a PGR não foi capaz de produzir uma única prova contundente para sustentar a condenação de Mauro Cid. Os advogados dizem ainda que não há, em todo o conjunto de provas, um só elemento que comprove que Mauro Cid tenha praticado, instigado ou mesmo compactuado com atos de ruptura institucional, ou vandalismo.

“Todos os depoimentos colhidos em juízo – inclusive de autoridades militares de alta patente e convivência direta com o acusado – atestam sua conduta disciplinada, profissional, leal à Constituição e alheia a qualquer plano golpista. Ainda assim, a acusação insiste em mantê-lo no polo passivo do processo, sustentando uma participação que não encontra respaldo nos fatos, mas apenas em conjecturas”, disse.

Sete dos oito réus, entre eles Bolsonaro, respondem por cinco crimes:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado por violência e grave ameaça e
  • Deterioração de patrimônio tombado.

Somadas, as penas podem ultrapassar os 40 anos de prisão.

A única exceção é Alexandre Ramagem, que responde por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.

Por decisão do STF, a ação penal contra o deputado em relação aos outros dois crimes só vai ser analisada ao fim do mandato dele.

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