Ferrovia Transoceânica de 4.400 km vai ligar Brasil ao Peru e ao Pacífico, com apoio da China
Projeto promete cortar custos logísticos e abrir nova rota de exportação

O Brasil está diante de um projeto que pode redefinir seu papel na logística mundial: a Ferrovia Transoceânica (EF-354). Com cerca de 4.400 quilômetros de extensão, o plano ambicioso quer conectar o litoral atlântico brasileiro aos portos do Pacífico, no Peru, criando a primeira ligação ferroviária direta entre os dois oceanos na América do Sul. Se sair do papel, o megaprojeto reduzirá custos de transporte, abrirá uma rota alternativa para a exportação de commodities e atrairá investimentos bilionários para o continente.

O que é a Ferrovia Transoceânica e como ela nasceu
A ideia de uma ferrovia ligando o Atlântico ao Pacífico não é nova – estudos datam de pelo menos 2008, mas ganharam força em 2015, quando Brasil, Peru e China assinaram um acordo de cooperação. A proposta voltou aos holofotes em 2025, com novos entendimentos entre os países e a promessa de acelerar os estudos de viabilidade técnica, ambiental e financeira.
A ferrovia começaria no estado do Acre, conectando-se à malha ferroviária brasileira em desenvolvimento, cruzaria os Andes peruanos e chegaria aos portos de Ilo e Matarani, no Peru. Essa rota criaria um corredor ferroviário estratégico, encurtando a viagem de soja, milho, minério e até carne bovina para a Ásia.

Por que a Ferrovia Transoceânica é tão importante para o Brasil?
O Brasil é um dos maiores exportadores de commodities do mundo, mas depende quase exclusivamente dos portos do Atlântico. Para chegar ao mercado asiático, os navios seguem longas rotas pelo Canal do Panamá ou contornam o Cabo da Boa Esperança, o que encarece e retarda as entregas.
Com a Transoceânica, o país ganharia uma alternativa logística: embarcar as cargas pelo Pacífico. A expectativa é reduzir em até 30% o custo do frete e acelerar a chegada dos produtos em até 10 dias.
Para estados como Mato Grosso e Rondônia, grandes produtores de grãos e carne, a ferrovia seria uma revolução. Com a possibilidade de escoar produtos pelo Acre e seguir até o Peru, a logística se tornaria mais barata, previsível e menos dependente de rodovias saturadas.

O papel da China e o interesse internacional
A China é a maior interessada no projeto. O país é o principal comprador de soja, minério e carne do Brasil e vê a Ferrovia Transoceânica como um investimento estratégico para garantir abastecimento de longo prazo. Empresas chinesas já sinalizaram interesse em financiar e até construir trechos da ferrovia, oferecendo tecnologia, recursos e know-how em obras de infraestrutura.
O envolvimento chinês também coloca o projeto no radar geopolítico, despertando o interesse e a preocupação de outros players globais. Para o Brasil, o desafio é equilibrar parcerias, mantendo soberania e garantindo que os investimentos tragam benefícios para a economia local.