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EUA miram minerais críticos do Brasil em meio a embate tarifário e ofensiva contra a China

Autoridades dos dois países discutem tarifas e fornecimento de minerais estratégicos, com possível missão brasileira a Washington ainda em 2025

Autoridades brasileiras do setor mineral e representantes do governo dos Estados Unidos se reuniram, no dia 23 de julho de 2025, em Brasília. O encontro tratou de temas estratégicos como minerais críticos e a recente tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A reunião ocorreu a pedido dos norte-americanos e representa a terceira rodada de conversas entre os países neste ano.

Durante a reunião, o encarregado de Negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, dialogou com o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann.

O objetivo principal da conversa foi avaliar a possibilidade de um acordo bilateral sobre o fornecimento de recursos minerais essenciais, especialmente as chamadas terras raras.

Esses minerais são fundamentais para tecnologias avançadas como baterias, semicondutores e equipamentos eletrônicos de ponta. Escobar expressou apoio à proposta de envio de uma comitiva brasileira a Washington.

Ele destacou que uma visita oficial poderia ocorrer em setembro ou outubro, já que agosto é um mês de recesso nos Estados Unidos. Com isso, ambos os lados pretendem intensificar as tratativas comerciais antes do fim do ano.

Minerais estratégicos ganham peso nas negociações

O interesse dos EUA pelos minerais brasileiros se intensificou diante da crescente dependência global da China nesse setor. Atualmente, cerca de 70% das exportações minerais do Brasil são destinadas ao mercado chinês, o que levanta alertas em Washington.

Autoridades brasileiras apontam essa dominância chinesa como um dos principais argumentos nas mesas de negociação com o governo norte-americano.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, a China detém mais de 80% da capacidade global de produção de células de bateria. Além disso, concentra mais de 50% do processamento mundial de lítio e cobalto.

Esses dados reforçam a urgência dos EUA em buscar novos fornecedores confiáveis. O Brasil surge como um parceiro estratégico natural, devido à sua abundância mineral e posição geopolítica neutra.

Washington sinaliza abertura para acordo com setor brasileiro

Durante as tratativas, o representante norte-americano elogiou a postura do setor mineral brasileiro. Ele sinalizou que Washington vê com bons olhos a construção de um entendimento direto com mineradoras e autoridades do Brasil.

Essa possível aproximação pode servir para minimizar os efeitos da tarifa de 50% imposta por Trump. Isso pode ocorrer desde que o Brasil se mostre disposto a diversificar seus destinos de exportação. Além disso, Escobar reforçou que o momento é oportuno para estreitar relações comerciais com o Brasil.

Isso se deve principalmente à nova gestão norte-americana, que busca romper com a hegemonia chinesa em cadeias produtivas estratégicas. A expectativa é de que um acordo bilateral focado em minerais críticos ajude a consolidar o Brasil como fornecedor seguro.

Brasil adota tom pragmático nas conversas com os EUA

Autoridades brasileiras têm adotado um tom pragmático nas conversas com os norte-americanos. Segundo fontes próximas ao governo federal, a estratégia do Brasil envolve destacar o potencial de produção mineral do país. Além disso, busca evidenciar sua capacidade de fornecimento constante e sustentável.

O Brasil também pretende demonstrar que a dependência excessiva da China é um risco para o próprio setor mineral nacional. O setor busca maior diversidade de parceiros comerciais, ampliando sua presença global.

Outro ponto abordado nas reuniões é a tarifa imposta por Trump, que afeta diversos produtos exportados pelo Brasil. As autoridades nacionais esperam que a discussão sobre os minerais críticos sirva como contrapartida para negociar a redução ou isenção dessas tarifas.

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