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O que acontece se EUA bloquearem GPS no Brasil? Entenda como funciona o sistema de localização

Segundo especialistas, os Estados Unidos têm o poder de controlar e bloquear o sinal, mas é pouco provável que isso aconteça

Em meio à crise entre Estados Unidos e Brasil, boatos sobre novas sanções que seriam aplicadas por Donald Trump ganharam destaque na internet, entre elas: o bloqueio do GPS no país. O sistema, inventado e operado pelos EUA, tem se tornado alvo de discussões e estipulações para ser uma nova “arma” usada pelos norte-americanos para fazer que o Brasil ceda aos pedidos de Trump.

Segundo especialistas, os Estados Unidos têm o poder de controlar e bloquear o sinal, mas é pouco provável que isso aconteça.

O engenheiro de sistemas e especialista em comunicação Eduardo Rocha explica que seria impossível” desligar o GPS do Brasil e não causar consequências em outros países.

“Isso seria uma coisa extremamente complexa de se fazer, de desligar somente do Brasil, justamente por conta dessa comunicação entre eles [satélites], para que eles possam dar o melhor direcionamento”, comenta.

Apesar de ser pouco provável que um eventual bloqueio ocorra, caso o sistema fosse restringido poderia causar efeitos negativos diretos em setores como logística, aviação, transporte urbano, agronegócio, bancos e telecomunicações.

De acordo com o especialista em inovação Eduardo Freire, diversas atividades cotidianas que dependem do sistema seriam impactadas, podendo gerar prejuízos econômicos.

“Do uso em tratores autônomos no campo até a entrega de um produto via aplicativo urbano, tudo depende do GPS para funcionar com precisão. Um apagão de sinal comprometeria não só a economia, mas também a segurança pública e os serviços essenciais”, comentou.

GPS brasileiro

Com as ameaças e a instabilidade na relação com os EUA, o governo brasileiro, através do Gabinete de Segurança Institucional, criou, no início do mês, um grupo para estudar a possibilidade do Brasil desenvolver seu próprio sistema de geolocalização por satélite.

O grupo é formado por representantes de ministérios, da Aeronáutica, de agências e institutos federais e da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil.

Os integrantes serão responsáveis por identificar eventuais consequências do país depender de sistemas de posicionamento, navegação e tempo controlados por outras nações. Para Freire, é essencial que o Brasil não dependa de uma infraestrutura digital que o próprio país não possa controlar.

“A real alternativa para o Brasil é desenvolver sua própria infraestrutura ou, ao menos, integrar uma rede regional de posicionamento com autonomia. Temos base científica e capacidade tecnológica para isso, mas falta decisão política, investimento estratégico e um plano de longo prazo. GPS não é só tecnologia, é soberania”, disse.

Como funciona o sistema GPS

O GPS (Sistema de Posicionamento Global) é um dispositivo de navegação por satélite que define a posição geográfica do usuário em tempo real.

Através de satélites, o GPS consegue transmitir sinais a dispositivos eletrônicos capazes de determinar a localização de uma pessoa.

No caso de um celular, por exemplo, um receptor GPS no próprio telefone detecta os sinais do satélite. Assim que o receptor calcula a distância a partir de quatro ou mais satélites GPS, ele consegue descobrir onde você está.

Apesar das chances serem pequenas, os boatos ascendem a necessidade do Brasil ter um sistema próprio e independente, assim como a China, que possui o BeiDou, Rússia (GLONASS) e Europa (Galileo).

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