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Huawei, TikTok e o 5G: como a China se infiltrou nos setores mais estratégicos do Brasil

Análise aprofundada sobre como a relação comercial com a China, ao mesmo tempo que impulsiona o agronegócio, aprofunda a desindustrialização e a dependência tecnológica do Brasil, gerando um paradoxo para a soberania nacional

O Brasil enfrenta um paradoxo complexo em sua relação com a China. De acordo com múltiplos estudos e dados econômicos, a parceria que começou como uma grande oportunidade comercial evoluiu para uma crescente dependência tecnológica e econômica.

Embora a China seja o principal destino das exportações brasileiras, impulsionando o agronegócio, essa mesma relação tem contribuído para um declínio da indústria nacional e levantado sérias questões sobre a soberania do país.

A análise da trajetória dessa parceria nas últimas décadas revela um cenário de duas faces. De um lado, um superávit comercial baseado em commodities. Do outro, uma perda de competitividade industrial e uma crescente vulnerabilidade em setores estratégicos, como tecnologia e energia. Entender essa dinâmica é crucial para decifrar o futuro econômico do Brasil.

A relação Brasil-China mudou de patamar em 2009, quando a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. A demanda chinesa por soja, minério de ferro e petróleo impulsionou as exportações brasileiras, que hoje têm o gigante asiático como destino de cerca de 27% de seus produtos.

No entanto, essa parceria focada em produtos de baixa complexidade acelerou um processo de “reprimarização” da economia. Segundo o Índice de Complexidade Econômica (ECI), que mede a diversidade e sofisticação da pauta de exportações de um país, o Brasil caiu da 40ª posição em 2001 para a 54ª em 2023. No mesmo período, a China subiu para o top 20, refletindo uma perda de mercado brasileiro para os produtos industrializados chineses.

O domínio chinês em setores estratégicos

dependência da China vai muito além do comércio. O Brasil tem se tornado um grande importador de tecnologia chinesa em setores vitais, como telecomunicações (5G), data centers e inteligência artificial (IA).

  • Huawei: a gigante chinesa, liderada no Brasil pelo CEO Ruan Wei, domina o mercado de 5G e anunciou em julho de 2025 a intenção de expandir seus data centers no país para suportar serviços de nuvem e IA.
  • ByteDance (TikTok): também em junho de 2025, a empresa anunciou planos de investimento em cloud e IA no Brasil, apesar dos alertas de segurança dos EUA.

Essa dependência gera riscos. Em 2024, debates na rede social X (antigo Twitter) alertaram que cerca de 70% dos componentes tecnológicos usados no Brasil já vêm da China, tornando o país vulnerável a interrupções na cadeia de suprimentos.

Tendências futuras e o caminho a seguir

O mercado de transformação digital no Brasil tem uma projeção de crescimento de 13,54% ao ano até 2030. No entanto, se esse crescimento for dominado pela tecnologia chinesa, pode sufocar a inovação local.

Para reverter essa tendência, especialistas apontam para a necessidade de investir em pesquisa e desenvolvimento nacional, diversificar parceiros comerciais e tecnológicos, e priorizar a soberania em áreas estratégicas. Sem uma mudança de rota, o Brasil corre o risco de aprofundar um ciclo de estagnação e dependência que já dura mais de uma década.

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