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Empresa alvo da PF no Amapá recebeu R$ 10 bi do governo federal

LCM Construção tem mais de R$ 20 bi em contratos com o governo, parte deles bancada com emendas destinadas por deputados e senadores

A empresa LCM Construção e Comércio, investigada pela Polícia Federal (PF) por irregularidades em licitações no Departamento Nacional de Transporte e Infraestrutura (Dnit) do Amapá, já recebeu cerca de R$ 10,8 bilhões do governo federal. Os repasses vêm de uma série de contratos firmados entre a empresa e as superintendências do Dnit de diversos estados do Brasil.

Segundo dados do Portal da Transparência, a empresa tem contratos com a administração federal que somam mais de R$ 23 bilhões.

A série de contratações entre a empreiteira e o governo vem desde 2014, quando a empresa foi criada, até o fim de 2024. De lá para cá, o ano com o maior montante contratado foi 2023, no primeiro ano do Lula 3, com cerca de R$ 10 bilhões.

Ao longo do governo anterior, sob Jair Bolsonaro (PL), a empresa fechou contratos no valor total de R$ 6,9 bilhões. Um dos mais recentes, de dezembro de 2024, foi para a execução de serviços de manutenção rodoviária na BR-235, na Bahia.

Em outro, de outubro do mesmo ano, o contrato visava a execução de serviços emergenciais na BR-470, em Passo Fundo, o Rio Grande do Sul.

O presidente da LCM é Luiz Otávio Fontes Junqueira, que foi alvo da operação da PF na manhã de terça-feira (22).

Segundo a decisão da Justiça Federal que autorizou as ações da PF, Junqueira teria “se beneficiado do direcionamento de licitações”, operando suposto esquema de “lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados e realizados por interpostas pessoas”. O montante desses saques, diz a apuração, seria de R$ 680 mil.

Foi na casa de Junqueira, durante busca e apreensão em Nova Lima (MG), que a PF apreendeu três carros da marca Porsche.

A empresa tem ganhado destaque nos últimos anos pelas quantias volumosas que recebe do governo federal. Como mostrou a coluna, ela também já embolsou cerca de R$ 418 milhões em emendas parlamentares, dos quais cerca de R$ 71 milhões foram do “orçamento secreto”.

Criada em 2014, a empresa cresceu depois de a operação Lava Jato quebrar grandes empreiteiras brasileiras envolvidas em corrupção com o governo. A partir de então, a LCM passou a fechar contratos milionários com a administração pública. De 2014 até 2018, por exemplo, foram cerca de R$ 3,1 bilhões fechados.

As contratações abrangem quase a totalidade de estados brasileiros, em todas as regiões. Ficam de fora apenas as superintendências do Dnit em São Paulo e Goiás.

No Amapá, estado que é epicentro da nova investigação da PF, são 5 contratos diferentes firmados entre 2021 e 2024. O valor total deles é de cerca de R$ 192 milhões.

Operação Route 156

Na operação Route 156, a PF apura supostas irregularidades em obras, na BR 156. Os agentes investigam esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio em contratos de manutenção e recuperação da rodovia, localizada no Amapá.

Segundo a PF, a investigação indica a “existência de uma organização criminosa estruturada no âmbito da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP), que teria fraudado o caráter competitivo de pelo menos quatro pregões eletrônicos”.

O valor total das licitações sob suspeita é de R$ 60 milhões. Um dos alvos, foi o superintendente do Dnit no Amapá, Marcello Linhares. Ele foi afastado do cargo, por determinação judicial, por 10 dias.

O suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também entrou na mira da PF. O empresário Breno Chaves Pinto é suspeito de se valer da influência de Alcolumbre e de sua condição de suplente para liberar verbas.

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