Com Brasil, Argentina e Guiana, América do Sul vira epicentro do petróleo com investimentos bilionários e avanço offshore
Países respondem por mais de 80% do crescimento global fora da OPEP, com investimentos da Petrobras e cenário geopolítico favorável

A produção de petróleo na América do Sul está em plena expansão, com Brasil, Argentina e Guiana liderando mais de 80% do crescimento global fora da OPEP nos próximos cinco anos. O movimento é puxado por investimentos bilionários da Petrobras, avanço tecnológico e um cenário internacional instável, que desloca o foco das grandes petroleiras para territórios sul-americanos.
Com recursos naturais abundantes e políticas de incentivo à exploração, os três países ganham protagonismo em meio a crises geopolíticas e à queda na produção em regiões antes dominantes, como Venezuela, Rússia e partes do Oriente Médio.
Brasil aposta na Margem Equatorial e amplia investimentos com a Petrobras
O Brasil desponta como um dos principais polos de petróleo do mundo. A Petrobras planeja investir US$ 111 bilhões até 2029, com foco em áreas offshore, incluindo a promissora bacia da Foz do Amazonas, parte da chamada Margem Equatorial.

Essa região tem atraído gigantes do setor, como ExxonMobil e Chevron, que recentemente garantiram participação em 10 blocos em parceria com a Petrobras. O petróleo brasileiro se destaca por menor teor de impurezas e menor custo de extração, o que atrai ainda mais o capital internacional.
Segundo Mário Jorge da Silva, chefe de estratégia da estatal: “Vimos o que aconteceu na Venezuela, na Bolívia. Se houver alguma dúvida sobre regulamentação ou cumprimento de contratos, o capital não entra. E, sem capital, não há prosperidade”.
Enquanto vizinhos como Venezuela e Bolívia enfrentaram queda de produção por políticas intervencionistas e afastamento do capital privado, o Brasil se consolidou como uma referência em estabilidade jurídica no setor de energia.
Essa abertura ao investimento externo garante à Petrobras um papel central na liderança da América do Sul, reforçando a confiança de grandes empresas internacionais em explorar as riquezas do país.
Guiana deve se tornar maior produtora de petróleo per capita do mundo
Com pouco mais de 800 mil habitantes, a Guiana surpreende o mundo ao caminhar para se tornar a maior produtora de petróleo per capita. Desde 2015, o país vive uma transformação econômica com as descobertas feitas pela Exxon, em parceria com a Hess e a chinesa CNOOC, no bloco offshore Stabroek.

Hoje, a produção já atinge 650 mil barris por dia, com projeção de ultrapassar 1,3 milhão de barris até o fim de 2027. Os custos de extração variam entre US$ 25 e US$ 35 por barril, significativamente abaixo da média global.
Francisco Monaldi, do Baker Institute, afirma: “A Guiana é uma história espetacular de um produtor de petróleo emergente. Ela se tornará o maior produtor de petróleo per capita do mundo.”
Argentina acelera com Vaca Muerta e incentivos de Milei
A Argentina vive seu melhor momento em décadas no setor petrolífero. A produção no campo de Vaca Muerta, um dos maiores depósitos de xisto do mundo, aumentou dez vezes desde 2014, alcançando mais de 400 mil barris por dia.

O novo governo, liderado por Javier Milei, tem implementado políticas agressivas de estímulo ao investimento estrangeiro, o que vem acelerando ainda mais o crescimento da indústria de energia no país.
Suriname se prepara para entrar no jogo
O momento é especialmente favorável para Brasil, Argentina e Guiana. Com conflitos no Oriente Médio, sanções à Rússia e esgotamento dos melhores campos de xisto nos EUA, os olhos das grandes petroleiras se voltam para o sul do continente.
Além disso, a produção sul-americana é considerada mais limpa e barata, alinhando-se às pressões por sustentabilidade e eficiência no setor de petróleo global.

Ao lado da Guiana, o Suriname surge como próxima promessa da indústria offshore. Com reservas em fase de exploração, o país já atrai investimentos de empresas como TotalEnergies, APA e Petronas.
Especialistas preveem que os aportes no setor podem ultrapassar US$ 9,5 bilhões até 2027, consolidando a costa atlântica da América do Sul como uma das fronteiras mais promissoras da indústria energética mundial.
Com o fortalecimento do setor e a presença estratégica da Petrobras, Brasil, Argentina e Guiana se posicionam como protagonistas da nova geopolítica do petróleo, unindo crescimento econômico com inovação.