Lula tenta retomar relevância do Mercosul após presidência de Milei
Javier Milei deixa a presidência do Mercosul com o fim das negociações com a EFTA, e espera conclusão do acordo com a União Europeia

O presidente da Argentina, Javier Milei, deixou a presidência rotativa do Mercosul, bloco econômico que reúne os países da América do Sul, e passou o comando para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nessa quinta-feira (3). À frente do bloco a partir de agora, o brasileiro tem o desafio de conseguir mudar o quadro de certa “letargia” do argentino na presidência. A expectativa é que Lula consiga ampliar mais o espaço do bloco no mundo.
O argentino, que demonstrou mais de uma vez desagrado público em fazer parte do grupo por considerar sua política muito restritiva, deixou a presidência fazendo críticas ao próprio bloco e com avisos ao novo presidente. Durante a cerimônia, ele mencionou, mais uma vez, uma possível saída do grupo, caso o Brasil não seguisse as diretrizes e políticas desenvolvidas durante a presidência argentina.
“Propusemos uma estrutura mais livre, em vez da Cortina de Ferro à qual estamos submetidos hoje. Precisamos parar de pensar no Mercosul como um escudo contra o mundo e vê-lo como uma lança”, disse Milei.
“Se os parceiros do bloco insistirem no mesmo caminho que não funcionou, teremos que insistir em flexibilizar as condições de parceria que nos unem”, disse Milei. “Embarcaremos no caminho da liberdade, e o faremos juntos ou sozinhos, porque – como já disse – a Argentina não pode esperar”, insistiu o presidente argentino.
Mercosul na Argentina
- A Argentina deixou a presidência temporária do Mercosul nesta semana. Javier Milei bateu o martelo e realizou a transferência de poder para o presidente Lula, que comandará o bloco econômico até dezembro de 2025.
- Durante o discurso, Milei criticou o Mercosul por privilegiar apenas alguns setores e criar uma estrutura “elefantiásica”. Ele ainda sugeriu que a Argentina pode deixar o bloco caso o Brasil e os outros membros não flexibilizem as regras.
- Já Lula defendeu que o Mercosul é “um lugar seguro” para o Brasil e enfatizou a importância do bloco.
- A declaração do petista foi apoiada pelos presidentes Yamandú Orsi (Uruguai) e Luis Arce (Bolívia) apoiaram a visão de Lula e defenderam o Mercosul como está.
- Já Santiago Peña (Paraguai) demonstrou proximidade com as visões pregadas por Milei.
Em dezembro do ano passado, durante a Cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, Milei chamou o bloco econômico de “prisão” e disse que o Mercosul atrasaria o desenvolvimento da Argentina. Na época, o presidente argentino assumia a presidência do bloco econômico.
Agora, com a presidência brasileira, o bloco deve se voltar cada vez mais à integração regional e à retomada de acordos. Ele defendeu que a política do bloco prejudica o avanço de negociações com outros países, o que causaria uma diminuição da relevância das economias locais.
Milei comemorou o acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que reúne quatro países do continente. Ele também destacou as expectativas para conclusão da deliberação com a União Europeia e os Emirados Árabes Unidos.
O presidente argentino tem adotado um posicionamento cada vez mais favorável ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Agora, com a presidência brasileira, o bloco deve se voltar em outro caminho.