Como funciona um carro elétrico: da bateria ao motor
Especialista da ABVE explica o caminho da energia elétrica até as rodas e o que diferencia os elétricos dos veículos a combustão

Os veículos elétricos vêm ganhando espaço nas ruas brasileiras ao oferecerem uma condução mais silenciosa, limpa e econômica. Por trás dessa transformação estão componentes como bateria, inversor e motor elétrico, que substituem com eficiência o tradicional conjunto mecânico dos carros a combustão.
Para entender como essas tecnologias funcionam e o que torna os elétricos tão diferentes dos modelos convencionais, Carlos Roma, diretor técnico da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) explica o funcionamento.
Funcionamento simples, impacto direto
Sem tanque de combustível, escapamento ou câmbio tradicional, os veículos elétricos armazenam energia em células de íons de lítio e movimentam as rodas por meio de campos magnéticos e uma transmissão de marcha única.
A operação é silenciosa e entrega torque máximo de forma instantânea, sem necessidade de aquecimento ou trocas de marcha. Com menos partes móveis, o desgaste é menor e a manutenção, menos frequente.
Diferentemente dos modelos a combustão, os elétricos dispensam itens como velas, correias, catalisador, filtros e óleo lubrificante.
“A bateria é o coração do carro elétrico”, afirma Roma. Segundo ele, ela fornece energia tanto ao motor quanto aos sistemas auxiliares, como ar-condicionado, iluminação e central multimídia.
A corrente contínua (CC) armazenada na bateria é convertida em corrente alternada (CA) pelo inversor, que alimenta o motor. É também o inversor que regula a frequência da corrente, controlando torque e velocidade conforme a pressão no acelerador.
O motor transforma essa energia elétrica em força mecânica por meio de campos magnéticos. O movimento do rotor é transferido diretamente às rodas, eliminando a necessidade de múltiplas marchas ou embreagem.
Recuperação de energia e resposta imediata
Durante frenagens ou desacelerações, o sistema reverte a operação do motor, que passa a atuar como gerador. A energia recuperada é redirecionada à bateria pelo mesmo inversor.
Esse processo, chamado de frenagem regenerativa, pode recuperar até 30% da energia consumida em trajetos urbanos, contribuindo para ampliar a autonomia.
O torque também se destaca. Diferentemente dos motores a combustão, que exigem altas rotações para entregar desempenho, os elétricos fornecem força máxima desde o primeiro toque no acelerador.
“Isso garante respostas imediatas, sem atraso ou necessidade de trocas de marcha”, ressalta Roma.
Bateria descarregada ativa modo de emergência
Quando a carga atinge níveis críticos, o sistema ativa um modo de energia reduzida, limitando a potência e alertando o condutor com antecedência.
Se a bateria realmente zerar, o carro desacelera de forma gradual e só volta a operar após recarga, seja em uma estação, com carregador portátil ou por reboque.
Descarregamentos completos frequentes podem reduzir a vida útil da bateria, embora os modelos mais recentes incluam proteções internas que evitam danos severos.