Como a seleção brasileira de Ancelotti deve jogar? Veja 7 pistas dadas pelo treinador
Treinador avalia que Brasil continua produzindo bons jogadores e cita Vini Jr. como peça fundamental

A era Carlo Ancelotti começou oficialmente na segunda-feira (26), no Rio de Janeiro, com a primeira convocação e a apresentação do treinador à frente da seleção brasileira. Em pouco mais de 40 minutos de coletiva, o italiano deu sinais claros de que pretende construir uma equipe equilibrada, com protagonismo ofensivo, sem abrir mão da solidez tática.
Mais do que falar em nomes, Ancelotti usou a entrevista para traçar um esboço de identidade para o time. Foram respostas sobre estilo de jogo, posicionamento, convivência com jogadores brasileiros e até a importância da experiência em momentos decisivos. Tudo isso diante de mais de 200 jornalistas de 11 países diferentes, no primeiro contato oficial com a imprensa como técnico da seleção.
A estreia do Brasil sob novo comando está marcada para o dia 5 de junho, contra o Equador, em Guayaquil. Até lá, Ancelotti já deixou algumas pistas sobre o que pretende construir em campo.
Filosofia de trabalho
Ancelotti deixou claro que não pretende impor um esquema fixo à seleção brasileira. Ao ser questionado sobre sua filosofia de jogo, afirmou que a estratégia ideal depende das características dos atletas disponíveis.
“Mesmo depois de 40 anos eu ainda não sei qual é o sistema que nos permite vencer os jogos”, disse, enfatizando que o importante é criar um ambiente em que os jogadores se sintam confortáveis. A abordagem reforça a ideia de um treinador pragmático, que adapta o modelo de jogo ao perfil do elenco.
Atletas que atuam no Brasil
O italiano de 65 anos também deixou claro que a relação com o futebol brasileiro não se limita aos nomes que atuam na Europa. Ancelotti afirmou que acompanha também os times locais, citando diretamente clubes como Flamengo, Palmeiras e Botafogo.

Ele destacou que a presença de profissionais na comissão técnica que acompanham o desempenho dos jogadores que atuam no país foi crucial para a primeira convocação. O técnico indicou que o futebol brasileiro está no radar e que atletas em destaque por aqui terão chances reais de figurar nas listas da seleção.
Vinícius Júnior
Sobre Vinícius Júnior, o discurso foi de apoio e expectativa. Ancelotti reconheceu que o atacante ainda não atingiu sua melhor versão pela seleção, mas demonstrou confiança na virada.
“Se Vini não teve sua melhor versão, ainda vai ter”, disse. A comparação com o Real Madrid reforça a busca por um modelo que favoreça o desempenho do camisa 7, a depender da estrutura ao seu redor. A gestão emocional e a pressão por resultados foram apontadas como possíveis fatores que influenciam o rendimento do jogador.

“É um jogador fantástico, trabalhador, lutador. Jogador brasileiro tem muito carinho por sua seleção e pode ser que isso afete um pouco a naturalidade do pensamento, no sentido de que, às vezes, pressão demais para ir bem é algo que não te permite jogar. Estou convencido de que Vinícius Júnior vai mostrar sua melhor versão na seleção. Vamos jogar como no Real Madrid? Depende. Se for o Real Madrid deste ano, não; do ano passado, sim”, explicou Ancelotti.
Identidade flexível
Questionado sobre o estilo de jogo da equipe, Ancelotti rejeitou rótulos. Disse que prefere times capazes de se adaptar ao contexto da partida. “Se quer ter êxito, tem que fazer muitas coisas bem: propositivo, reativo, defender bem, pressionar alto, defender com bloco baixo”, afirmou. O recado é direto: a nova seleção deve ser versátil, com múltiplos comportamentos dentro de um mesmo jogo, e não refém de uma única forma de atuar.
Conexão com o Brasil
Ancelotti fez questão de destacar sua relação com o futebol brasileiro, que começou ainda nos anos 1980, como jogador, e seguiu por toda a carreira como técnico. Citou uma lista extensa de atletas que treinou, como Ronaldo, Kaká, Ronaldinho e Marcelo, além dos mais recentes, como Militão, Endrick e Rodrygo. A familiaridade com a cultura do futebol brasileiro aparece como um trunfo no processo de adaptação ao comando da seleção.
Relação com jogadores
Outro ponto valorizado por Ancelotti é a gestão de grupo. Ele afirmou que cultiva relações pessoais com seus jogadores e que isso impacta diretamente no ambiente de trabalho. “Me dou bem com todos os jogadores”, disse.
Ao citar Cafu, destacou que os brasileiros sabem equilibrar descontração e seriedade no dia a dia. A declaração reforça o perfil de um técnico que aposta no bom convívio como fator estratégico.
Juventude e experiência
A convocação de nomes como Casemiro e Estêvão também serviu como exemplo para outro ponto central do discurso de Ancelotti: o equilíbrio geracional. O treinador afirmou que não considera a idade na hora de escolher os convocados, mas sim o que cada jogador pode oferecer. Segundo ele, a mescla entre jovens e veteranos é fundamental para construir um time competitivo.

“Para fazer uma convocação, não olho o passaporte. Casemiro está aqui porque merece, por suas qualidades. Dentro delas, está sua experiência e liderança. Não é que a convocação tem Estêvão porque é jovem. Está porque tem qualidade para estar aqui. A conexão entre jovens que trazem entusiasmo, motivação, gana e a experiência que te traz conhecimento, leitura de situações, liderança. Em uma equipe, isso se tem que juntar. Estêvão pode ajudar Casemiro com o entusiasmo, mas penso que não o necessita. Casemiro pode ajudar Estêvão com a atitude, o compromisso. É a conexão”, concluiu o técnico.