Política Nacional

Governo Lula: vazamento sobre Janja e crise do INSS criam nova tensão

Crise tem sido uma palavra repetida durante o governo Lula. Desde o início do ano para cá, petista já teve tensão com Pix e alimentos

O vazamento da intervenção da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, durante um jantar diplomático na segunda-feira (12) na China, direcionou o governo federal para uma nova crise. O embaraço acontece antes mesmo de a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguir arrefecer a tensão decorrente dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Quando Lula chegou à China no sábado (10/5), o governo já era criticado nas redes sociais e via manchetes se multiplicarem sobre o escândalo dos descontos indevidos. A situação deu à oposição uma bandeira contra o governo do petista.

Além de falas ácidas sobre o assunto, deputados e senadores se organizaram para pedir a implantação de uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI). O desconforto envolvendo Janja só aumentou a dor de cabeça do governo federal.

O próprio presidente Lula admitiu, durante entrevista coletiva na noite de terça-feira (13/5), pelo horário de Brasília, que Janja interferiu durante um jantar entre ele e o secretário-geral do Partido Comunista e presidente chinês, Xi Jinping.

Conforme Lula, ele fez uma pergunta sobre o Tik Tok e Janja questionou um suposto favorecimento da rede social a conteúdos da extrema-direita. A situação levou a um constrangimento, conforme relatos vazados para a imprensa.

Um dos convidados sentados à mesa no jantar entre os chefes de Estado vazou a interferência de Janja para a imprensa. O fato deixou Lula irritado. “Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve num jantar em que era uma coisa muito, mas muito confidencial”, reclamou.

Lula estressa com ministros

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a ser apontado como o principal suspeito do vazamento. Diante do mal-estar, ele cogitou realizar um pronunciamento público sobre o caso. A ideia foi abandonada pelo receio de que uma declaração aumentasse a temperatura da crise.

Costa não foi o único ministro a se mostrar insatisfeito com o levantamento de suspeita a respeito da conduta dele. Houve ministros que se propuseram a mostrar os celulares para Lula, numa tentativa de sair da zona de desconfiança. Outros integrantes da comitiva lembraram que não estavam presentes no jantar. Entre eles estavam Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Embora irritado, com a nova crise que, além do Planalto , envolve o Alvorada, Lula declinou da possibilidade de levar adiante uma devassa contra os ministros. O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira, que recebeu uma espécie de carta branca de Lula ao assumir o cargo, iniciou a gestão determinando aos ministros que não repassassem informações para a imprensa sob anonimato.

Se por um lado a crise envolvendo Janja teve a semente plantada diante dos olhos de Lula, o caso do INSS aparenta ser um problema que cresceu sem alarde. Fato é que no primeiro caso, Lula já demitiu o titular do ministério que abarca o INSS, Carlos Lupi (PDT), aliado e “companheiro” de longa data. Agora, o governo federal tem de dividir as atenções entre as duas crises. Com popularidade em baixa, a possibilidade de uma nova regressão nos indicadores verificados pelas pesquisas assombra o Palácio do Planalto.

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