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Nos últimos meses, a percepção de aumento nos acidentes aéreos no Brasil tem preocupado a população. Dados recentes indicam um crescimento significativo nas ocorrências, especialmente nos acidentes fatais, que geram maior comoção pública.
O especialista em investigação de acidentes aeronáuticos, Marcus Pacobahyba, analisou os índices de acidentes por cada 10.000 horas voadas na aviação civil brasileira, utilizando dados do Cenipa e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Segundo Pacobahyba, de 2023 para 2024, houve um acréscimo de 7% no índice de acidentes, que passou para 0,4147. Apesar desse aumento, o índice permanece abaixo da média dos últimos dez anos, que é de 0,4406.
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Entretanto, quando se trata de acidentes fatais – aqueles que resultam em perda de vidas e, consequentemente, maior comoção pública – o cenário é mais preocupante. Pacobahyba destaca que o índice de acidentes fatais por cada 10.000 horas voadas apresentou um aumento de 39% no mesmo período, contrastando com as quedas recorrentes observadas desde a pandemia.
O que explica essa impressão de aumento nos acidentes aéreos?
Na percepção de Pacobahyba, embora o número total de acidentes tenha aumentado, a exposição midiática dos acidentes fatais contribui significativamente para a percepção pública de que as ocorrências estão mais frequentes. A cobertura intensa de acidentes aéreos com vítimas fatais tende a causar maior impacto e sensação de insegurança entre os cidadãos.
Além disso, a maioria dos acidentes aéreos registrados envolve aeronaves de pequeno porte, como aviões particulares e agrícolas, que operam em condições menos controladas em comparação às grandes companhias aéreas comerciais. Dados do Cenipa indicam que fatores humanos, como mau julgamento dos pilotos, erro na aplicação de comandos e falhas no planejamento do voo, estão entre as principais causas dos acidentes.
Em resposta a esse cenário, autoridades aeronáuticas e especialistas reforçam a importância de medidas preventivas. O especialista em segurança de voo, Roberto Peterka, destaca ao Jornal do Commercio que a fiscalização abrangente já é uma realidade na aviação comercial e nos serviços de táxi aéreo desde a década de 1990. No entanto, ele ressalta que o maior desafio reside na aviação geral, setor mais relacionado aos acidentes.