HU-Unifap desenvolve pesquisa sobre doença de Chagas no Amapá
Estudo foca no perfil clínico da doença e no desenvolvimento de novos medicamentos adaptados à realidade da região amazônica
O Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap), vinculado à Rede Ebserh, está conduzindo uma pesquisa inovadora sobre a doença de Chagas, com foco na fase aguda da enfermidade e no tratamento com Benzonidazol, o medicamento de primeira linha.
O estudo, que conta com a participação da enfermeira Luana Layane Soares da Silva, da Gerência de Ensino e Pesquisa, tem como objetivo caracterizar o perfil clínico dos pacientes e, a partir desses dados, contribuir para o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais, adaptados às necessidades dos pacientes da região amazônica.
Segundo Luana, o conhecimento adquirido com a pesquisa permitirá ajustar as terapias atuais às especificidades genéticas da população local e ao comportamento do Trypanosoma cruzi, parasita causador da doença, no contexto amazônico. “Com isso, podemos avançar para a formulação de novos compostos terapêuticos, melhorando a eficácia do tratamento e aumentando a adesão dos pacientes”, explica a enfermeira.
Métodos de diagnóstico e monitoramento
A pesquisa utilizará métodos de diagnóstico como testes parasitológicos, sorológicos e marcadores bioquímicos para monitorar os pacientes. No entanto, o foco principal neste momento é compreender os mecanismos envolvidos na infecção inicial da doença de Chagas. “Compreendendo melhores esses mecanismos, no futuro será possível inserir novas terapias para o tratamento”, aponta Luana.
Desafios da alta endemicidade no Amapá
O Amapá enfrenta desafios importantes relacionados à alta endemicidade da Doença de Chagas, como a falta de diagnóstico precoce e a dificuldade em diferenciar a doença de outras enfermidades com sintomas semelhantes. A pesquisa busca superar esses obstáculos capacitando as equipes de saúde em métodos de diagnóstico simples e eficazes, como a microscopia de gota espessa, que pode detectar a doença em estágios iniciais, permitindo intervenções mais rápidas.
Além disso, o estudo promoverá atividades de educação permanente e campanhas de conscientização sobre os sintomas, formas de transmissão – incluindo a via alimentar, como o consumo de açaí = e medidas de prevenção.
“Nossa intenção é aumentar o nível de conhecimento tanto dos profissionais de saúde quanto da população sobre a doença de Chagas, contribuindo para diagnósticos mais rápidos e eficazes”, ressalta Luana.
Com esse estudo, o HU-Unifap espera não apenas avançar na compreensão da doença, mas também melhorar o controle e tratamento em uma das regiões mais afetadas pela doença de Chagas no Brasil.