Sem eficácia comprovada: três práticas médicas que pacientes idosos devem questionar
Pesquisas recentes revelaram que muitos tratamentos tradicionais não são eficazes como se pensavam
Um idoso com demência está no hospital e tem dificuldade para engolir. O fonoaudiólogo recomenda engrossar os líquidos que o paciente bebe usando amido ou goma. Depois, especifica qual deve ser a viscosidade do chá, da água ou do suco que ele deve ingerir. Precisa se parecer com mel ou com um néctar de fruta?
O médico prescreve a ordem e o paciente, que recebeu alta, retorna para casa ou para a unidade de enfermagem. A partir de então, passa a beber líquidos engrossados.
A justificativa é que essa substância viscosa, lamacenta, impede que o paciente transporte líquidos para os pulmões e desenvolva pneumonia por aspiração.
Mas essa prática funciona? Há anos, alguns geriatras duvidam.
Líquidos espessados
Há cerca de uma década, geriatras da Universidade da Califórnia, em San Francisco, decidiram fazer um experimento de um dia de duração: tomaram os mesmos líquidos espessados que frequentemente administram para os pacientes.
“Tivemos dores de cabeça e ficamos desidratados. Não conseguimos passar mais de 12 horas fazendo o experimento. E estávamos pedindo aos nossos pacientes com demência que fizessem isso pelo resto da vida. Não havia nada que comprovasse a eficiência desse procedimento”, relatou o dr. Eric Widera, um dos participantes do experimento e autor de um editorial bastante cético publicado recentemente na “Jama Internal Medicine” (revista mensal publicada pela Associação Médica Americana).
Interrupção de controle da pressão arterial
Entre 25 e 50 por cento dos pacientes que se submetem a uma cirurgia tomam algum medicamento para pressão arterial, os chamados inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), como benazepril, lisinopril e outros “prils”; ou bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRAs) como candesartana, olmesartana e outros “sartanas”, explicou Legrand, acrescentando: “Para os adultos mais velhos, o número é mais elevado.”
Para muitos tipos de cirurgia, faz parte da rotina pedir ao paciente que interrompa esses medicamentos antes da operação. Em geral, o médico teme que a pressão arterial caia muito durante o procedimento, causando complicações como insuficiência cardíaca, AVC ou problemas renais.
Implante de coluna para dor nas costas
A Food and Drug Administration (agência governamental americana que controla alimentos e medicamentos) informou, em 2020, que cerca de 50 mil estimuladores da medula espinhal, dispositivos destinados a reduzir a dor crônica mediante impulsos elétricos, estavam sendo implantados anualmente – e que, ao longo de quatro anos, a agência tinha recebido 108 mil relatórios de lesões em doentes, incluindo 497 mortes, e reclamações sobre estimuladores com mau funcionamento.