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Governo Lula acende uma vela a Deus e outra ao diabo na Venezuela

Um preço alto pagará por isso

Por Ricardo Noblat

A história do mundo ensina: um regime autoritário tudo faz para não ser destruído. Por ser autoritário, atropela as leis, recorre ao emprego de forças armadas, prende, esfola e mata se julgar necessário. Só vai para o brejo se lhe faltar unidade para resistir.

É diferente de um regime democrático. Por democrático, ele se sente obrigado a respeitar as leis que lhe impõem limites, e valores como a liberdade de expressão, de ir e vir e os direitos humanos que o distinguem de um regime autoritário.

A República Bolivariana da Venezuela começou a nascer com uma tentativa fracassada de golpe militar liderada pelo coronel Hugo Chávez em 1992. Seis anos depois, Chávez se elegeu presidente, se reelegeu em 2000 e 2006 e sobreviveu a um golpe em 2002.

Morreu em março de 2013 em decorrência de um câncer na região pélvica, sendo sucedido no cargo pelo vice Nicolás Maduro. Bastante popular, Chávez reduziu a pobreza na Venezuela. Maduro, que governa desde então, aumentou a pobreza.

Para manter-se no poder, Maduro construiu o que pode ser chamado hoje de ditadura que nada tem de bolivariana; uma ditadura como qualquer outra que se envergonha de se assumir como tal e que insiste em dizer que é uma democracia.Play Video

A ditadura de Maduro foi derrotada na eleição prestes a completar duas semanas, mas não dá sinais de que esteja por um fio. Cadê as atas com o número de votos de cada urna e sua distribuição entre os candidatos? O gato comeu. Ou melhor: Maduro esconde.

Um grupo de países, China e a Rússia, dá por visto que Maduro venceu a eleição. Outro grupo, Estados Unidos à frente, que Maduro perdeu. E o terceiro, do qual fazem parte o Brasil, México, Colômbia e países da Europa, que cobra a apresentação das atas.

A posição do Brasil é ambígua. Ao mesmo tempo em que pede a apresentação das atas e prega o entendimento entre Maduro e a oposição para que haja uma transição tranquila, defende a suspensão de sanções econômicas à Venezuela.

Sobre as atas, disse outro dia Celso Amorim, assessor especial de Lula e o principal interlocutor do Brasil junto a Maduro e à oposição venezuelana:

“A oposição coloca dúvidas, mas não consegue provar o contrário.”

Falso. A oposição publicou cópias de 80% das atas e elas mostram que seu candidato, Edmundo Gonzalez, obteve o dobro dos votos de Maduro. O restante das atas está com o governo, que alega ter interrompido a apuração dos votos devido a um ataque de hackers.

O Brasil subiu no muro e dali não desceu. Maduro baixa o cacete na oposição, invade casas sem ordem judicial, mata e prende pessoas. Até quando o Brasil ficará acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo? E que preço está disposto a pagar por isso?

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