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Avanço russo sobre Kharkiv pode decidir a guerra na Ucrânia

Zelensky cancela viagens ao exterior depois de várias vilas ao redor da segunda maior cidade do país terem sido tomadas pelas tropas do Kremlin

Os avanços da Rússia em direção a Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, podem ser decisivos para o desfecho da guerra. Nos últimos dias, as tropas do Kremlin conseguiram os maiores ganhos de território ucraniano desde a fase inicial da invasão, em fevereiro e março de 2022, quando chegaram aos subúrbios da capital, Kiev.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, mais três vilas, duas na região de Kharkiv e outra perto de Zaporizhia, caíram sob seu controle nesta quarta-feira (15).

A situação militar piorou tanto que o presidente Volodymyr Zelensky cancelou todas as suas viagens internacionais para tentar liderar a resistência. Ele tinha viagens marcadas para Espanha e Portugal.

Debaixo de intenso fogo inimigo, as forças ucranianas foram obrigadas a se retirar de muitas cidades próximas da fronteira desde a última sexta-feira (10), quando os russos invadiram a área ao norte de Kharkiv – que fica a apenas 80 km da divisa. Milhares de civis também foram retirados daquelas cidades.

A situação no momento é de frustração entre os militares ucranianos, muito diferente do que presenciei quando estive exatamente nessa região no ano passado. Naquela ocasião, a Ucrânia estava envolvida numa contraofensiva que acabou não gerando os resultados esperados no campo de batalha.

Na minha última visita ao país, há menos de um mês, já se podia sentir a preocupação e exaustão dos líderes e da população.

Ofensiva russa

A Rússia retomou a ofensiva na guerra no início da primavera no hemisfério norte, conseguindo avanços constantes depois de batalhas sangrentas, especialmente no Donbass, no leste da Ucrânia.

Bombeiros trabalham em local de ataque com mísseis russos em Kharkiv, Ucrânia

Com a nova invasão ao norte de Kharkiv, os militares russos ampliaram a linha de frente da guerra, que já tem mais de mil quilômetros de extensão. Isso forçou os ucranianos a dispersarem ainda mais as suas tropas na tentativa de defender toda a linha.

As Forças Armadas da Ucrânia não têm armamentos e nem soldados suficientes para fazer frente aos mais de 510 mil militares russos mobilizados para a guerra. No entanto, ajudas de curto prazo estão para chegar às linhas de frente ucranianas, como os US$ 61 bilhões aprovados pelo Congresso dos EUA no mês passado.

A própria cidade de Kharkiv está sendo impiedosamente bombardeada há semanas, o que levou parte de sua população a fugir para o oeste. Ainda não está claro se os russos querem de fato tomar a segunda maior cidade do país ou se pretendem apenas enfraquecer as linhas de frente ucranianas para tomar mais territórios no leste e sul.

A estratégia do Kremlin ao colocar pressão sobre Kharkiv também é abalar a moral da resistência ucraniana, tentando forçar o país a uma rendição ou negociação em termos muito favoráveis a Moscou.

Jack Watling, pesquisador sênior e especialista em guerra terrestre do Royal United Services Institute, um dos mais prestigiados e mais antigos think tanks na área de defesa no Reino Unido, diz que “as perspectivas na Ucrânia são sombrias. Os contornos da ofensiva de verão russa são fáceis de discernir”, afirma.

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