Brasil

Áreas de pastagens bem manejadas diminuem a pressão sobre a floresta

Estado do Pará possui aproximadamente 26 milhões de bovinos

São 154 milhões de hectares destinados à pastagens em todo o território brasileiro. Segundo o último levantamento feito pelo instituto MapBiomas, só na Amazônia a área de pastagem cresceu 40% nas últimas duas décadas. No Pará, pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) vem estudando alternativas para uma pecuária mais produtiva e que reduza a pressão sobre a floresta.

Essa combinação tem apresentado bons resultados, a partir, por exemplo, da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema usado como uma alternativa para o aproveitamento de áreas degradadas. Na pesquisa da Ufra o foco é o solo, ou melhor, como a mudança no uso da terra influencia no sequestro de carbono e na emissão de gases do efeito estufa na Região Amazônica. O principal resultado do projeto é que nas áreas com pastagens bem manejadas, foi possível observar sequestro de carbono no solo equivalente ao da floresta preservada.

“Nós não avaliamos áreas com pastos degradados, nesses locais, esse balanço tende a ser negativo. Já as pastagens manejadas de forma intensiva, com adubação, tem sequestrado mais carbono no solo do que a floresta. E pastagens bem manejadas, mesmo sem adubação, mas respeitando a fisiologia da planta, tem sequestrado tanto carbono quanto a floresta, contribuindo com o meio ambiente”, explica o professor Cristian Faturi, coordenador do projeto e um dos coordenadores do Grupo de Estudo em Ruminantes e Forragicultura da Amazônia (GERFAM/UFRA).

“Nosso trabalho está fornecendo dados importantes para que a pecuária possa ser uma geradora de créditos de carbono, que além de contribuir com o meio ambiente pode gerar uma receita maior ao produtor rural”, diz.

No projeto “Impacto do uso do solo sobre a emissão de gases de efeito estufa e carbono do solo na Amazônia oriental: fase 1”, os pesquisadores avaliaram áreas abertas e em uso há pelo menos 20 anos, localizadas nos municípios de Paragominas, Capanema e São Miguel do Guamá. Nesses locais, que são fazendas produtoras de gado, foram testados e analisados quatro tipos de uso do solo ao mesmo tempo: solo utilizado para a agricultura (lavouras de soja, milho, pimenta, dendê); solo utilizado pela pecuária tradicional (sem adubação); solo utilizado pela pecuária intensiva (com adubação) e floresta preservada (área de reserva legal).

A pesquisa incluiu ainda estudo de três espécies de capim tradicionalmente usadas para a formação de pastagens. Após as coletas, foram feitas as análises químicas do solo, textura e densidade, trabalho realizado na Ufra Belém. Já a medição dos gases de efeito estufa, como o metano, oxido nitroso e CO2 no solo, são feitas na Universidade Estadual Paulista (Unesp de Jaboticabal). A atividade microbiológica do solo é realizada a partir da colaboração com a Universidade Federal do Pará (Ufpa).

As amostras foram tomadas em regiões que representam os três climas presentes no Estado. O melhor resultado foi verificado no município de Paragominas.

“O pasto intensivo que foi adubado teve o estoque de carbono no solo maior do que a própria floresta. Já o pasto bem manejado, mas não adubado, tinha tanto carbono no solo quanto a floresta. Isso foi um resultado muito bom, que mostra que o caminho que a pecuária está seguindo hoje é um caminho aliado ao meio ambiente. Nós estamos trabalhando cada vez mais com a intensificação dos sistemas pecuários, criando tecnologias, levando a tecnologia pro campo”.

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